A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da Belarus, Alexander Lukashenko, concordaram nesta quarta-feira (17/11) que a crise na fronteira polonesa-bielorussa precisa ser resolvida por meio do diálogo entre a União Europeia e os representantes de Minsk.
Segunda a agência de notícias de Belarus Belta, após discutir a situação dos migrantes, as “partes chegaram a um certo entendimento de como agir e avançar na solução dos problemas existentes”.
Na conversa, os líderes concordaram ainda que os dois lados, Belarus e UE, “designarão funcionários que entrarão imediatamente em negociações para resolver os problemas existentes”. Nesse contexto, o desejo dos migrantes de irem para a Alemanha também será abordado.
Merkel também comunicou ao presidente o pedido da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de envolver no processo as organizações internacionais que lidam com os problemas dos refugiados e migrantes.
O porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, disse que, durante a ligação, a chanceler enfatizou a necessidade de ajuda humanitária e facilidades de repatriação a serem organizadas pela Nações Unidas (ONU) e pela UE para ajudar as pessoas afetadas.
Lukashenko e Merkel tiveram a primeira conversa telefônica na noite de segunda-feira (15/11). No dia seguinte, Lukashenko afirmou à imprensa que ambos chegaram a um consenso: “Não podemos permitir que as coisas se transformem em confrontos acalorados, não importa o quanto alguém queira”.
OSCE/Flickr
Presidente de Belarus afirma que ‘não fomos nós que convidamos os refugiados para cá’, como acusa a Polônia
Ele voltou a afirmar, na ocasião, que “não fomos nós que convidamos os refugiados para cá”, como acusa a Polônia. “Eles não sabem que até hoje mandamos de volta cerca de 5 mil pessoas no outono”.
Para o porta-voz do governo polonês, Piotr Muller, a ligação no início desta semana entre os líderes bielorrussos e alemães “não foi um bom passo” e parecia ser “uma aceitação de sua escolha”, referindo-se a Lukashenko.
Na terça-feira (16/11), a tensão na fronteira entre os países aumentou após forças polonesas dispararam gás lacrimogêneo e jatos de água contra os migrantes que tentavam cruzar a fronteira para a Polônia, enquanto estes atiravam pedras contra os agentes.
Ainda nesta quarta-feira, a Comissão Europeia informou que o bloco destinará € 700.000 (R$ 4,3 trilhões) para assistência de emergência aos migrantes na fronteira polonesa-bielorussa.
“A União Europeia apoia seus parceiros humanitários para ajudar a aliviar o sofrimento de pessoas […]. Apelo para que seja garantido o acesso permanente das organizações humanitárias de ambos os lados para fornecer assistência urgente a esse grande grupo de refugiados e migrantes”, anunciou o comissário europeu para Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Janez Lenarcic.
A Comissão Europeia disse que a assistência será fornecida através do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. O financiamento é destinado para compra de alimentos, cobertores, medicamentos e produtos de higiene.