O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou hoje (15) em Jerusalém a proposta brasileira de que é preciso que mais países trabalhem como facilitadores para um acordo entre israelenses e palestinos. Em coletiva de imprensa com o presidente israelense, Shimon Peres, Lula disse que as negociações de paz entre Israel e a ANP (Autoridade Nacional Palestina) são uma “tarefa difícil” e por isso deveriam contar com mais interlocutores, como o Brasil.
Ricardo Stuckert/PR
O presidente israelense, Shimon Peres, recebe Lula em cerimônia oficial
em Jerusalém
“É importante que se chame mais gente, que se envolva mais gente e que se converse mais. Existe uma única palavra e um único motivo para a guerra, mas existem milhões de palavras e gestos que justificam a paz, e isso é o que precisamos buscar, a cada dia, a cada hora, a cada minuto, a cada segundo”, afirmou.
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“A história do meu país é de paz. Não acredito que exista no planeta um povo que ame e exerça tanto a paz como o Brasil. É nossa formação, nossa raça e nosso jeito de ser”, acrescentou.
Ao receber Lula, Peres assinalou que o processo de paz não foi rompido, apesar da recente crise entre Estados Unidos e Israel em torno do anúncio por parte do Estado judeu da expansão de assentamentos em territórios palestinos. O israelense também fez questão de assinalar que seu país receberia a contribuição do governo brasileiro para o processo de paz.
“Sei que o senhor traz uma mensagem em favor da paz. A sua contribuição será bem recebida”, afirmou. “Pode haver crise, mas não haverá rompimento do processo de paz em si. Vamos superar a crise porque esse processo já está sendo construído e negociado”, acrescentou Peres.
Em seu curto pronunciamento de boas-vindas, Peres fez seguidos elogios a Lula e chegou a qualificar o brasileiro como “César” – uma referência abrangente e sem justificativa aos governantes romanos. “O senhor é um César. É um presidente que leva a esperança de paz. O mundo olha para o senhor e vê esperança e sonho, que o senhor transformou em feitos”, afirmou.
Em janeiro de 2009, Peres defendeu a invasão à Faixa de Gaza, operação que resultou na morte de 1,4 mil palestinos. “No fim, o mundo irá agradecer-nos”, disse o presidente israelense em entrevista ao jornal português Expresso.
Oportunidade
O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, insinuou ontem que a posição “cética e dura” dos EUA em relação a Israel pode resultar na inclusão de outros mediadores, entre os quais o Brasil, nas negociações de paz.
“Se os EUA, que têm se revelado um aliado histórico de Israel, estão com uma posição tão cética e dura, isso provavelmente provocará uma reflexão nos interlocutores. Espero que assim seja”, afirmou.
Garcia também reiterou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrará amanhã dos líderes palestinos, em Belém, coesão interna para evitar o fracasso de um eventual acordo de paz com Israel.
Logo depois da chegada a Jerusalém, Garcia confirmou que Lula trará aos encontros de hoje com o presidente israelense, Shimon Peres, e o primeiro-ministro, Binyamin “Bibi” Netanyahu, sua proposta de inserir o Irã na discussão do conflito Israel-palestinos. Teerã, na visão do assessor, tem “influência de peso” nessa questão e não pode ser ignorado.
Amanhã (16) Lula segue para Belém, na Cisjordânia, onde se reunirá com o presidente da ANP, Mahmoud Abbas. Depois, visitará Ramalá, onde depositará uma coroa de flores no túmulo do líder palestino Yasser Arafat, morto em 2004.
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