O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (10) o uso de moedas locais nas relações comerciais com o Uruguai e com os demais países sul-americanos, mecanismo já adotado com a Argentina e sugerido aos governos de Venezuela e Colômbia.
“Para aprofundar a integração, precisamos encontrar formas inovadoras para superar a escassez do crédito. Devemos, portanto, acelerar a discussão do uso de moedas locais no nosso comércio bilateral e regional”, disse Lula ao presidente uruguaio Tabaré Vázquez, durante encontro em Brasília, segundo informou a Agência Brasil.
“Nossos países vivem os reflexos de uma crise que não criamos e que ameaça nossas conquistas no campo econômico e social. Os preços de nossos principais produtos de exportação vêm sofrendo forte volatilidade, reduzindo os recursos para nossos projetos de crescimento”, completou Lula. O Brasil é atualmente o principal parceiro comercial do país vizinho.
Lula e Tabaré orientaram os respectivos Bancos Centrais a promover o compartilhamento de informações da experiência brasileira no assunto com as autoridades monetárias uruguaias, especialmente no que se refere às medidas e providências tomadas nos campos regulatório e de adaptação dos sistemas informáticos.
Protecionismo
Os presidentes criticaram as medidas protecionistas que alguns governos têm tomado. ”Quem crê que se salvará com protecionismo vai acabar afundando sua economia a médio prazo”, declarou Lula. Segundo o presidente, é necessário “mais comércio, mais comércio e mais comércio para que a economia comece a voltar à normalidade”.
Apesar de condenarem o protecionismo, fontes brasileiras e uruguaias informaram à agência EFE que a declaração não foi um recado direcionado à Argentina, que tem estabelecido novas licenças à importação.
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Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, negou que Brasil e Uruguai estejam preparando algum tipo de “ação conjunta” contra a Argentina, mas enfatizou a opinião dos presidentes ao lembrar que “protecionismo não ajudará ninguém”.
Garcia explicou que os problemas entre Brasil e Argentina são discutidos “de forma muito franca” no âmbito bilateral e não foram tratados na reunião entre Lula e Tabaré.
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Outras fontes, no entanto, informaram que Tabaré manifestou a Lula seu desconforto com o governo de Cristina Kirchner, principalmente pelo impacto dessas medidas no comércio entre Argentina e Uruguai.
Energia
Outro ponto discutido no encontro, que também gera divergência entre uruguaios e argentinos, é a questão energética. Somente no mês de fevereiro, Tabaré ligou duas vezes para Lula para tratar desse problema.
O Uruguai passa por uma crise de falta de energia e depende de ajuda brasileira, que é uma solução paliativa. Para resolver o problema de forma definitiva, o governo de Tabaré pretende criar um rede de transmissão entre as cidades de Candiota (Brasil) e San Carlos (Uruguai) com financiamento do Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (Focem), o que depende do aval de todos os países do bloco. Mas a Argentina ainda não aprovou.
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Na reunião de hoje, os presidentes enfatizaram a importância da concretização desse projeto e instruíram os órgãos competentes e as autoridades da área a trabalhar nesse sentindo. Mas caso a aprovação demore muito, é possível que o governo brasileiro use créditos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiar a obra, cujo custo é estimado em 200 milhões de dólares (cerca de 470 milhões de reais).
Outro ponto discutido foi a iminente abertura de escritórios do BNDES e do Banco do Brasil em Montevidéu, para dar suporte a projetos de desenvolvimento. Lula também garantiu que a Petrobras manterá uma crescente presença no país vizinho.
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