Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Álvaro Uribe, defenderam hoje (17), depois de reunião no Palácio do Planalto, em Brasília, a utilização do real e do peso para trocas comerciais e outras transações entre os dois países.
Em declaração à imprensa, Lula questionou o porquê de se utilizar o dólar em vez das moedas próprias. Ele afirmou que o Brasil pretende ter uma relação mais forte com a Colômbia. “Nós queremos construir uma parceria sólida”.
Assim como já funciona nas transações com a Argentina, o presidente brasileiro defendeu o desenvolvimento de uma lógica para trocas comerciais em moeda local na União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Segundo ele, as relações se tornariam mais fáceis, especialmente para pequenas empresas, que não precisariam mais fazer câmbio.
Ousadia e coragem
Falando em defesa do aprofundamento da integração entre os países da América do Sul, Lula afirmou que a crise financeira internacional é uma grande oportunidade para fazer com mais ousadia e mais coragem “aquilo que em outros momentos nós tivemos inibição em fazer”, por conta da interferência dos países ricos e de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Em seu discurso depois da reunião, Álvaro Uribe, que ainda não conseguiu junto aos Estados Unidos a aprovação de um tratado de livre comércio (TLC), reforçou a idéia de possibilitar que se recorra mais às moedas locais em lugar do dólar. Sugeriu também que a Colômbia possa de fato ativar todos os mecanismos da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), em referência ao Convênio de Crédito Recíproco (CCR), que ainda não é utilizado pelo país.
Leia mais:
Uribe pede que empresários brasileiros invistam na Colômbia
Aladi tem uma espécie de câmara de compensação
“Creio que seja prudente nossos Ministérios de Fazenda encontrarem mecanismos para realizarmos as primeiras operações em nossas moedas”, afirmou o colombiano. “E que também haja mecanismos de seguro, de taxa de câmbio, a fim de que o risco de um sobressalto não faça com que se perca confiança nas transações em nossas próprias moedas”.
Uribe demonstrou ainda otimismo no sentido de que possa ser firmado um acordo de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para, por exemplo, a compra de maquinário agrícola. Atualmente, 90% desse tipo de maquinário utilizado pelos camponeses colombianos é comprado no Brasil.
“Espero que rapidamente se possa assinar esse crédito, e que os camponeses colombianos saibam que nós vamos ter a possibilidade não só de continuar comprando maquinário agrícola no Brasil, mas também a possibilidade de financiamento”, disse.
Leia mais:
BNDES deve facilitar investimentos na Colômbia, diz Lula
NULL
NULL
NULL