Atualizada às 16h45
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou nesta quarta-feira (10/03) pela primeira vez após a decisão do STF em anular suas condenações na Lava Jato, decisão que o tornou elegível novamente.
A agência norte-americana Bloomberg destacou as críticas feitas pelo petista ao atual presidente Jair Bolsonaro e a defesa que o ex-mandatário fez de um projeto que defenda a população mais pobre em meio à pandemia do novo coronavírus.
“Eu vou tomar minha vacina, não me importa de que país, não sigam nenhuma decisão imbecil do presidente ou do ministro da Saúde, tomem vacina”, disse Lula.
O jornal espanhol El País afirmou que Lula realizou um discurso no local “onde nasceu como um líder político”, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e com “medidas sanitárias para prevenir infecções”.
“Lula falava diante de um enorme pôster que lista as urgências do Brasil aos seus olhos. Os pilares de um eventual programa eleitoral: vacinação para todos, restabelecimento da remuneração do coronavírus, saúde, emprego e justiça”, disse o jornal.
O periódico ainda frisou a lista de agradecimentos de Lula a diversos líderes mundiais, incluindo ex-primeiro-ministro Jose Luis Rodriguez Zapatero.
O jornal argentino Página/12 também repercutiu o discurso do ex-presidente, apontando para as declarações que Lula fez sobre o presidente Alberto Fernández. O periódico destacou os agradecimentos de Lula ao mandatário argentino e que a ligação de Fernández a Lula após a anulação dos processos.
“[Fernández] teve a decência de, enquanto candidato à presidência, ir me visitar na Polícia Federal em Curitiba”, lembrou Lula durante seu discurso.
Ricardo Stuckert
Diversos jornais pelo mundo deram destaque ao primeiro pronunciamento de Lula após a anulação de suas condenações pelo STF
A Reuters, agência de notícias britânica, afirmou que o discurso de Lula “marcou o retorno [do ex-presidente] ao cenário político” brasileiro após a anulação das condenações.
“[Lula] disse que não decidiu se disputará as eleições presidenciais do ano que vem, mas sua aparência deu a impressão de um evento de campanha”, afirmou a Reuters.
A agência falou sobre a “surpreendente” restauração dos direitos políticos de Lula e das críticas a Bolsonaro “por seu manejo da pandemia do coronavírus e na economia”.
A agência AFP também apontou as críticas de Lula a Bolsonaro, dizendo que o petista “retornou à política com um ataque virulento” ao presidente do Brasil e sua “manipulação” da pandemia.
“Lula, um ex-metalúrgico e líder sindical que liderou o Brasil durante um boom econômico de 2003 a 2010, também criticou a gestão da economia e as políticas de Bolsonaro”. disse o periódico.
O jornal boliviano La Razón destacou os momentos em que Lula “se referiu às declarações de Bolsonaro que minimizaram a pandemia e preconizavam o uso de medicamentos sem evidências de eficácia contra a doença”.
O periódico ainda destacou as pesquisas que apontam Lula com “com maior probabilidade de impedir a reeleição de Bolsonaro” em 2022.
A Rádio França Internacional (RFI), por sua vez, classificou a fala de Lula como um “discurso inflamado”, apontando para as críticas que o ex-presidente fez ao governo Bolsonaro.
“Ele criticou duramente o presidente brasileiro Jair Bolsonaro e afirmou que não descansará até responsabilizar o ex-juiz Sérgio Moro pelas 'mentiras' durante seu processo: 'Deus de barro não dura muito tempo”, disse a rádio.
A RFI também destacou o “agradecimento especial” de Lula à prefeita de Paris, Anne Hidalgo, por, segundo Lula, “ter a coragem de me receber e me disse que a solidariedade vale mais do que a eleição”.
A agência de notícias espanhola Efe afirmou que a anulação dos processos de Lula na Lava Jato representa uma “vitória judicial sem precedentes” para o ex-presidente.
“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que foi 'vítima da maior mentira jurídica' em 500 anos de história do Brasil, em seu primeiro pronunciamento depois que um juiz do Supremo Tribunal Federal anulou as sentenças de prisão que pesavam contra ele”, disse a agência.
A emissora multiestatal Telesur destacou o mesmo trecho da fala de Lula sobre ter sido “vítima da maior mentira jurídica do Brasil” e assinalou que o sofrimento que lhe foi causado, segundo colocou o ex-presidente em seu discurso, é mínimo em comparação com a de “seus compatriotas pobres, que estão assolados pela pandemia, pela fome e desemprego”.
A emissora também pontuou aquilo que o ex-presidente disse sobre uma possível candidatura para as eleições de 2022: “agora não é o momento para pensar nisso”.
Cubadebate, mídia cubana, destacou que a decisão do ministro Edson Fachin, do STF, em anular as condenações de Lula é um “triunfo da verdade e da democracia”. As farsas judiciais coordenadas pela Operação Lava Jato, pontuou o veículo, “caem sobre o solo”, resgatando plenamente a liberdade e os direitos políticos do petista.
Na matéria, o portal destaca que “é hora de celebrar essa vitória da justiça, mas sem abaixar a guarda frente a seus inimigos”, e lembra que a campanha “Lula Livre” seguirá ativa e expandindo seus movimentos até que “se enterrem definitivamente as farsas contra o ex-presidente”.