O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que espera receber na semana que vem a delegação de chanceleres dos países que compõem a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) em Caracas, para uma Conferência Nacional de Paz. “Há também presidentes que querem vir à Venezuela para respaldar a democracia e a paz do povo venezuelano”, disse nesta terça-feira (18/03), durante pronunciamento de rádio em cadeia nacional.
Maduro lembrou que, na semana passada, os ministros de Relações Exteriores da Unasul reuniram-se de forma extraordinária em Santiago, capital chilena, e criaram uma comissão para “acompanhar, apoiar e assessorar” a situação na Venezuela. Durante a reunião em Santiago, os chanceleres aprovaram uma resolução na qual apoiam o governo venezuelano no diálogo com setores sociais, forças políticas, econômicas e estudantis do país e informaram que não aceitam a interferência dos Estados Unidos na Venezuela.
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Com protestos diários há quase 40 dias e mais de 29 mortos, o governo tenta dialogar com setores opositores. No entanto, a maioria dos partidos de oposição e parte do movimento estudantil ainda não aceitaram conversar, alegando que o governo tem reprimido de maneira “arbitrária e abusiva” as manifestações. Opositores também alegam que, para iniciar uma conversa, é preciso antes estabelecer uma agenda. Internamente, o governo Maduro promove conferências regionais de paz, enquanto mantém algumas regiões militarizadas, principalmente nos estados opositores, mais resistentes ao diálogo e ao fim dos protestos.
A Comissão Especial da Unasul vai acompanhar e observar esse cenário. De um lado, há pedidos de diálogo e de paz de ambas as partes, de outro, troca de acusações e hostilidades. Um exemplo é a discussão sobre a autoria dos atos violentos em meio aos protestos e da resistência de alguns grupos para retirada de bloqueios de vias. O governo diz que os ataques são financiados e executados por grupos de extrema direita.
A oposição devolve as acusações ao governo e diz que os atos de vandalismo e agressões vêm de grupos armados civis, apoiados pelo próprio Executivo. A série de protestos começou no estado opositor de Táchira, fronteira com a Colômbia, com estudantes que protestavam contra a violência.