O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou neste sábado (05) em entrevista à rede Telesur que decretou estado de exceção em região da fronteira entre Venezuela e Colômbia com o objetivo de alcançar “uma fronteira de paz” e não uma briga com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
Para Maduro, o tema mais importante com relação ao “drama humanitário” na fronteira é o “abandono da região por parte do governo da Colômbia”. Naquela área “o fenômeno paramilitar está vivo e quem sofre é o povo”, diz o presidente.
Leia também:
OEA rejeita pedido da Colômbia para discutir crise na fronteira com Venezuela
Venezuela amplia estado de exceção para outros quatro municípios na fronteira com a Colômbia
Chanceleres de Brasil e Argentina vão a Caracas e Bogotá para ajudar em diálogo sobre fronteira
Ele reiterou sua disposição para se encontrar e discutir o tema com Santos, a quem instou a agir para frear a “campanha de ódio” que segundo ele está sendo gestada na Colômbia contra a Venezuela. Disse também que há países da América Latina e do Caribe que estão trabalhando pela resolução da questão. “As pessoas querem que resolvamos nossas diferenças com amor, como nações irmãs”, afirmou.
Agência Efe
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, diz querer se encontrar com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos
Segundo o jornal colombiano El Telegrafo, Maduro também reafirmou hoje sua decisão de “reorganizar a fronteira”. “Terá que chegar o momento em que o presidente Santos dê um passo à frente e volte à diplomacia do respeito”, afirmou em referência às críticas do outro lado da fronteira a suas medidas, que incluem a repatriação de centenas de pessoas colombianas que viviam em território venezuelano.
Mais prisões em Táchira
Autoridades do governo venezuelanos anunciaram nesta sexta-feira a prisão de 14 supostos paramilitares no estado fronteiriço de Táchira. “Até o momento, detivemos 14 supostos paramilitares, dos quais nove já se encontram em Caracas para serem julgados”, disse o general venezuelano Efraín Velazco Lugo.
Segundo o oficial, as pessoas presas “se dedicavam a intimidar os habitantes da região”. Foram também apreendidas armas e granadas. Lugo disse também que desde janeiro desse ano, 32 supostos paramilitares foram presos no estado.
Conversas com Brasil e Argentina
A Venezuela decidiu na última sexta-feira (04) abrir a fronteira para estudantes colombianos e venezuelanos que estudam dos dois lados da fronteira. A medida, denominada pelo vicepresidente venezuelano, Jorge Arreaza, como “corredor humanitário”, foi solicitada por Santos como condição para um encontro com Maduro.
Arreaza deve se encontrar em Caracas com os chanceleres de Brasil, Mauro Vieira, e Argentina, Hector Timerman, que se reuniram ontem em Bogotá com a chanceler colombiana, Maria Angela Holguin, para “promover o diálogo colombo-venezuelano”.
NULL
NULL
Agência Efe
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos; diplomatas de Brasil e Argentina buscam facilitar diálogo
Também nesta sexta-feira o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) afirmou que 15.174 colombianos deixaram a Venezuela após a imposição do estado de exceção na fronteira. Maduro, por sua vez, destaca que cerca de seis milhões de colombianos residem legalmente e formam parte da população de 30 milhões de habitantes da Venezuela.
Contexto
Há duas semanas, militares venezuelanos foram baleados enquanto patrulhavam a fronteira do estado de Táchira, na tentativa de evitar o contrabando de gasolina e alimentos subsidiados para a Colômbia, onde são vendidos com mais de 300% de lucro.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, atribuiu, na ocasião, o ataque às “máfias paramilitares colombianas” e anunciou o fechamento da fronteira, decretando estado de exceção constitucional que já abrange dez municípios.
Desde então, pelo menos 1.355 colombianos foram repatriados. A Venezuela nega que tenha deportado alguém, mas fala em “devolução” para a Colômbia de pessoas sem os devidos documentos.