Em meio a denúncias do ex-ministro Jorge Giordani de corrupção e irregularidades no interior do governo venezuelano, o presidente Nicolás Maduro declarou nesta quinta-feira (26/06) que existem pessoas que buscam fraturar o legado de Chávez. “Em um momento de tantas lutas e dificuldades, estão querendo criar uma fissura no movimento revolucionário chavista”, afirmou o chefe de Estado, no estado de Aragua.
“Acusam que sou um ‘novo Stálin’. Que Stálin? Sou é filho de Chávez e estou combatendo e trabalhando todos os dias nas ruas, sem descanso”, disse Maduro. “Chegará o momento em que direi muitas verdades e vou dizê-las. Não me calarei para que o povo saiba e para que caiam as máscaras que agora estão tentando confundir o povo e animar os setores da ultradireita com suas condutas vacilantes”, acrescentou.
Importante nome na construção da política econômica de Hugo Chávez, Giordani foi suspenso do cargo de ministro do Planejamento no último dia 17 de junho. A sua saída foi motivada pela publicação de um comunicado, no qual ele faz duras críticas sobre o rumo do atual governo. No texto, Giordani afirma ter tido preocupações como a de frear a corrupção com um novo controle de fundos estatais e a introdução de mecanismos de administração do gasto público.
O afastamento de Giordani gerou uma onda de críticas no interior do governo do PSUV. Um dos políticos que manifestaram apoio à Giordani foi o ex-ministro da Educação e da Energia Elétrica Héctor Navarro, que lançou uma carta aberta na terça (24/06) para expressar solidariedade.
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“Será que não haverá resposta às alegações de Giordani? Vamos nos contentar em apontá-lo como um traidor e, portanto, não vamos discutir as denúncias que estão sendo negociadas por trás dos interesses da república?”, questiona Navarro. Também dirigente do PSUV, o ex-ministro foi igualmente suspenso de suas funções no partido chavista.
Outra ex-ministra chavista e também dirigente do PSUV, Ana Elisa Osorio não apenas divulgou o texto de Navarro como também tuítou ontem: “Exortamos à Assembleia Nacional que tire a poeira de cima da lei contra a corrupção e puna os corruptos: esses são os grandes traidores da Revolução”.
Exhortamosla AN desempolve la Ley contra la corrupción y s castigue a los corruptos:Esos son los grandes traidores Revolución @Hnavarrodiaz
— Ana Elisa Osorio (@Anaelisaosorio) 25 junho 2014
Para Maduro, não há razão para ex-ministros publicarem cartas “para justificar suas culpas, seus erros” – uma mostra de “deslealdade e indisciplina”. O presidente venezuelano ainda acrescenta que há “pequenos burgueses vacilantes que querem confundir o povo” com “roupas de esquerda”.
Na mesma linha, o coletivo chavista Coordinadora Simón Bolívar mostrou indignação com o caso de Giordani na segunda (23/06). O grupo aponta que, no atual contexto político, é inegável que o “Processo Revolucionário” atravessa sua mais perigosa crise moral e política, no entanto, isso não justifica etiquetar os ex-ministros como “traidores do povo”.
“Giordani, com seus acertos e erros, foi leal ao presidente Chávez, mantendo-se firme dentro do processo bolivariano em todos os difíceis momentos que enfrentaram”, afirma o grupo em comunicado.