Cinco militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) foram detidos nesta quinta-feira (18/03) ao fazerem um protesto contra o presidente Jair Bolsonaro na Praça dos Três Poderes, espaço em Brasília que liga os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Eles estenderam uma faixa com os inscritos “Bolsonaro genocida”, em referência à conduta do governo na pandemia do novo coronavírus, quando foram presos. O grupo foi conduzido à Delegacia da Polícia Federal, que liberou os manifestantes hora depois.
A prisão havia sido confirmada pela assessoria de imprensa da Polícia Militar do Distrito Federal. Em nota, o órgão disse que os militantes foram detidos por infringirem a Lei de Segurança Nacional ao divulgarem uma suástica – símbolo nazista –, associando-a ao presidente da República.
Entre os detidos, estava os responsáveis pelo canal do YouTube Botando Pilha, inclusive o criador do site, o ativista Rodrigo Pilha. Erico Grassi, irmão de Rodrigo, disse que os manifestantes foram levados por policiais militares à Superintendência da PF.
Em uma conversa com o Brasil de Fato, o deputado federal Alencar Santana Braga (PT-SP) informou que estava a caminho da Polícia Federal, na companhia da também deputada petista Natália Bonavides (PE) e de advogados. “É um atentado à democracia, o Estado autoritário entrando em vigor. Estão querendo fazer uso da força pra evitar qualquer tipo de crítica ou manifestação contrária ao governo”, disse Alencar.
Reprodução/Twitter
Arte que estampa faixa erguida por militantes presos é uma reprodução de charge do artista Renato Aroeira
Paulo Pimenta (PT-RS) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) também estavam presentes. Eles protestaram diante do prédio da PF com os dizeres “Bolsonaro Genocida”.
Horas depois, outros dois militantes foram presos por entrar no prédio também com cartazes de “Bolsonaro Genocida”. “O que está acontecendo é que vocês vão ter de prender todo mundo (que exibir cartazes com “Bolsonaro Genocida”)”, disse Paulo Pimenta, que só não foi detido por ter imunidade parlamentar, embora tenha dito ao agente da PF que abririam mão dela.
“Está virando moda”, disse Gleisi Hoffmann. “Se nós não pararmos com isso agora, vão ser crescentes atitudes como estas”, disse a presidenta do PT. Ela mencionou o caso de Felipe Neto, intimado pela Polícia Civil do Rio a depor, também por “crime” contra a LSN. Nesta quinta, a juíza Gisele Guida, da 38ª Vara Criminal do Rio, suspendeu a investigação.
Redigida durante a ditadura e duas vezes modificada, a LSN segue em vigor até hoje, e havia sido pontualmente utilizada desde a redemocratização. No entanto, a partir de 2020, a lei começou a ser evocada com uma constância que até então não havia sido observada.
Declarações que associam o governo Bolsonaro a um ‘genocídio’ também motivaram reações contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e o ilustrador Renato Aroeira.
(*) Com informações do Brasil de Fato e Rede Brasil Atual.