Milhares de manifestantes se reuniram nesta segunda-feira (17/11) na capital do Quênia, Nairóbi, em apoio a uma mulher que foi agredida e teve suas roupas arrancadas por um grupo de homens em um ponto de ônibus, sob a justificativa de usar uma minissaia “tentadora”. Na sequência do incidente, que aconteceu na semana passada, grupos tradicionais pediram às mulheres locais para se vestirem “decentemente”.
#MyDressMyChoice: Kenyans hold rally in #Nairobi to support woman beaten for wearing miniskirt http://t.co/sRMfczq8rd pic.twitter.com/hYw2alckbp
— DW (English) (@dw_english) 17 novembro 2014
Movida pela campanha online “meu vestido, minha escolha” (#MyDressMyChoice), a população saiu às ruas para presssionar o presidente queniano, Uhuru Kenyatta, a tomar medidas mais sérias para colocar fim à violência de gênero no país africano. Além das mulheres, homens também aderiram à mobilização, pedindo o término da misoginia no território nacional.
“Há muitas situações em que as mulheres são humilhadas em público por supostamente usarem roupas indecentes. Isso acontece com muita frequência no Quênia”, afirmou Wambui Ngige, responsável pela campanha que viralizou no Twitter, à Deutsche Welle. “Desta vez, nós decidimos que não vamos mais ficar em silêncio. Uma mulher no Quênia deve ter o direito de se vestir como ela quiser. Isso faz parte da nossa Constituição”, completa.
A polícia alega que não pode tomar nenhuma providência, porque a vítima não apresentou queixa na ocasião. No entanto, o presidente da Suprema Corte do Quênia, Willy Mutunga, prometeu à imprensa local que a justiça será feita. “Nós precisamos respeitar nossas mulheres. Elas são nossas mães, irmãs, filhas, esposas e namoradas”, tuitou Mutunga.
We must respect our women. They are our mothers, sisters, daughters, wives and girlfriends. pic.twitter.com/xxy33gB64D
— Dr Willy M Mutunga (@WMutunga) 17 novembro 2014
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“Ninguém tem o direito de tirar minhas roupas com base em suas próprias ideias de como devo me vestir”, apontou Yvette Kathurima, da FEMNET (Rede de Desenvolvimento de Comunicação de Mulheres Africanas), em entrevista ao jornal queniano The Star.
“Em vez de ensinarmos nossas filhas a se vestirem de um determinado jeito, deveríamos ensinar nossos filhos a se controlarem e a respeitarem as mulheres”, disse Joan Opiyo ao jornal queniano Daily Nation. “Acredito que está na hora dos homens condenarem esses atos”, afirmou ao mesmo veículo o manifestante Thuku Njuguna, vice-presidente da organização Men for Gender Equality Now (“Homens pela Igualdade de Gênero Agora”).
#MyDressMyChoice protesters in Nairobi have defended the rights of women to dress as they want. (1/2) pic.twitter.com/9cBsjqEdyl
— BBC Africa (@BBCAfrica) 17 novembro 2014
“As mulheres são constantemente agredidas aqui”, pontuou à Al Jazeera a manifestante Diana Okello. “Queremos especialmente saber o que as mulheres que escolhemos como líderes estão fazendo por nós”, acrescentou
O protesto gerou repercussão em outros países do continente, como Etiópia e África do Sul, que demonstraram suporte pela causa. Além da mobilização nas redes sociais, uma nova manifestação está prevista para acontecer no dia 24 de novembro.
Kenya women in Ethiopia and South Africa join #MyDressMyChoice protest http://t.co/NLO8TB5PIT pic.twitter.com/aeArFoWYnb
— The Star, Kenya (@TheStarKenya) 17 novembro 2014