Quarta-feira, 16 de julho de 2025
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Integrantes do GIEI (Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes) afirmaram no Senado do México nesta terça-feira (26/04) que o caso Ayotzinapa não é fato isolado no país e pediram a aprovação de leis mais eficazes para prevenir tortura e desaparecimentos forçados.

Agência Efe

Marcha na Cidade do México nesta terça-feira marcou 19 meses do desaparecimento dos jovens em 
Ayotzinapa 

Os especialistas, que trabalham na elucidação do caso dos 43 estudantes desaparecidos de Ayotzinapa, disseram que é preciso que as leis sejam centradas no direito das vítimas, especialmente no de saber a verdade.

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Os 43 estudantes desapareceram em 26 de setembro de 2014, depois de serem abordados pela polícia de Iguala, no México, a caminho de uma manifestação. O episódio resultou em 25 estudantes feridos e 46 detidos. Dos jovens presos, três foram encontrados sem vida, e o resto segue desaparecido. Eles eram estudantes da Escola Normal de Ayotzinapa.

Reformas
 
Em encontro com os presidentes das Comissões de Direitos Humanos e de Justiça e com senadores, eles pediram que sejam realizadas reformas estruturais no sistema de Justiça do México. O objetivo principal, de acordo com eles, é evitar a prática de tortura para obter confissões. 

A ex-procuradora da Guatemala e integrante do GIEI Claudia Paz disse que é “perverso” que as acusações no México sejam baseadas na confissão dos acusados, sem que o Ministério Público precise apresentar outras evidências.

 

 

Eles entregaram aos senadores seu segundo informe com diversas conclusões sobre o caso. De acordo com o documento, foram identificados indícios de torturas em 80% das pessoas que foram detidas por suposto envolvimento no desaparecimento dos jovens.
 

Informe

Os especialistas afirmam em seu informe que a Polícia Federal deve ser investigada “em profundidade”.

“O grau de conhecimento ou coordenação entre diferentes grupos de polícia não foi esclarecido até agora, mas novos dados mostram que a atuação da Polícia Federal deve ser investigada em profundidade”, diz o relatório.

O grupo informou, no texto, que foi vítima de “uma campanha que tenta desprestigiar as pessoas como uma forma de questionar seu trabalho”.

GIEI, que trabalhou na elucidação do caso dos 43 jovens desaparecidos em 2014, pediu aprovação de leis mais eficazes para desaparecimentos forçados e tortura

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Segundo o informe do grupo, durante sua permanência no país, foram feitas mais de 900 solicitações de testes ao Estado mexicano. No entanto, até março de 2016, apenas 50% haviam sido atendidas. O grupo diz também que alguns documentos foram entregues pelo governo próximo do período determinado para que os especialistas deixassem o país, o que fez com que não pudessem ser analisados.

De acordo com os especialistas, sua chegada ao país veio acompanhada de um “discurso estatal de total abertura e cooperação”. No entanto, “alguns funcionários públicos e setores de opinião em particular se sentiram ameaçados por este novo esquema de  assistência técnica proveniente da comunidade internacional, que questionava versões ou a administração do caso”, indica o documento.

Marcha

Nesta terça-feira (26/04), pais, familiares e amigos dos estudantes realizaram uma marcha na Cidade do México para marcar 19 meses do desaparecimento dos jovens.

Centenas de pessoas participaram da manifestação, de acordo com a Telesur, exibindo fotografias dos estudantes.

Agência Efe

Pais, familiares e amigos dos jovens pedem justiça para o caso, que completou 19 meses na terça-feira

Em frente à PGR (Procuradoria Geral da República), os pais protestaram contra o que chamaram de “obstrução”, por parte do Estado mexicano, para o trabalho do GIEI, que foi relatado pelo grupo em seu informe.

Os pais dos estudantes também pediram que o presidente Enrique Peña Nieto “dê a cara” e aceite as recomendações do GIEI.

“A chamada 'verdade histórica' nunca existiu”, disse ao jornal mexicano La Jornada o advogado Vidulfo Rosales, que acompanhava os pais.