Mais de mil pessoas foram presas desde domingo (01/01) e mais quatro pessoas morreram em meio a protestos e bloqueios de estradas contra o aumento do preço de combustíveis no México, elevando o número de mortes a cinco. Nesta quarta-feira (04/01), um policial morreu na Cidade do México.
Dois manifestantes morreram nesta quinta-feira (05/01) em confrontos com a polícia em Ixmiquilpan. Outras duas pessoas foram encontradas mortas em Veracruz, mas as autoridades ainda não estabeleceram o contexto de suas mortes.
Em paralelo aos protestos, saques a lojas e postos de gasolina foram registrados pelas autoridades, que prenderam mais de mil pessoas desde o começo das manifestações. Cerca de 380 estabelecimentos comerciais foram saqueados até o momento, segundo a Antad (Asociación Nacional de Tiendas de Autoservicio y Departamentales).
O Exército e a polícia federal intervieram em diversas localidades, principalmente no Estado do México, no centro do país, onde 537 pessoas foram detidas. O governo divulgou que 18 mil policiais estaduais e federais, além de corporações municipais participariam da segurança nesta sexta-feira (06/01), dia de Reis – feriado cristão comemorado no México. Também entram na operação 5 helicópteros, 2.500 patrulhas e 4 veículos blindados da Polícia Federal.
Na capital, 9 mil agentes adicionais e 13 helicópteros foram mobilizados. No entanto, o chefe de governo Miguel Ángel Mancera declarou que a “Cidade do México não é ‘terra de ninguém’” e não pedirá ajuda às Forças Armadas. “Temos admiração pelo trabalho do Exército e da Marinha mas nesta cidade não requeremos patrulhas da Marinha nem do Exército”, afirmou.
Agência Efe
Bloqueios em estradas e avenidas contra “gasolinazo” continuam no México
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Mensagens nas redes sociais
O site LoQueSigue identificou cerca de 1.500 mensagens no Twitter com a hashtag #SaqueaUnWalmart, provenientes de 485 perfis falsos. A entidade divulgou uma lista com usuários falsos que publicavam mensagens incitando saques e atos de violência.
No Whatsapp circularam mensagens sobre um “iminente golpe de Estado” no México e alertando sobre a presença de grupos armados e toque de recolher, fatos desmentido pelas autoridades. O governo do Estado do México divulgou um comunicado na quarta-feira (04/01) informando a falsidade de mensagens e áudios circulando nas redes sociais, “difundidos irresponsavelmente com o único propósito de gerar psicose e temor”.
“Esta situação foi aproveitada por alguns grupos de pessoas para cometer roubos e atos de vandalismo, com o pretexto de protestar pela liberação do preço da gasolina”, diz o governo em comunicado.
Presidente Enrique Peña Nieto defende aumento da gasolina
O presidente do México Enrique Peña Nieto disse em discurso televisionado nesta quinta-feira (05/01) que a “difícil decisão” é necessária para “preservar a estabilidade econômica” do país.
“Trata-se de um aumento que vem do exterior. O governo não receberá nem um centavo a mais de impostos por este aumento”, declarou Peña Nieto, que alegou que o aumento de cerca de 60% do preço do petróleo no último ano como motivo para o ajuste. O presidente ainda indicou que o México importa cerca de metade dos combustíveis utilizados no país.
Ele defendeu que o corte de subsídios pouparia ao governo cerca de 200 milhões de pesos (cerca de US$ 9 milhões), gastos que “obrigariam a cortar programas sociais, subir impostos ou aumentar a dívida do país”, afirmou.
Segundo reportagem publicada pelo jornal mexicano El Universal na quinta-feira (05/01), os gastos médios com combustível ficam acima do salário mínimo no país. Um tanque de 40 litros de gasolina custa 683 pesos mexicanos (R$ 103) na Cidade do México, enquanto o salário mínimo diário é de 80,04 pesos (R$ 12). O periódico estimou que o gasto mensal com combustível de um mexicano com um automóvel varia entre 2.609,6 pesos (gasolina) e 3.409,6 pesos (diesel), enquanto o salário mínimo no México é de 2.433,22 pesos ao mês – o equivalente a 368 reais.