Cerca de dez mil pessoas se concentraram neste domingo (29/05) no centro de Belgrado, Sérvia, para protestar contra a detenção do ex-líder militar dos sérvios na Bósnia Ratko Mladic, acusado de crimes de guerra.
O protesto, acompanhado por cerca de três mil policiais, foi convocado pelo ultra-nacionalista Partido Radical Sérvio, informou a agência de notícias espanhola Efe.
Leia mais:
Classe política sérvia sonha em aproximar-se da UE após prisão de Mladic
Sérvia detém ex-general acusado de genocídio na Bósnia
Sérvios preferem que ex-general Ratko Mladić seja julgado em seu próprio país
Carniceiro ou fiador da paz: as visões inconciliáveis sobre Milosevic
Dez anos após queda de Milosevic, Sérvia se queixa de reformas insuficientes
De acordo com reportagem da agência AFP, alguns manifestantes usavam bandeiras brancas ou camisetas estampando o rosto do ex-líder militar e com a frase “Mladic, um herói sérvio”.
“Lamento que não haja mais pessoas aqui”, afirmou à AFP Zivorad Radovanovic, 59 anos, que veio de um subúrbio operário localizado perto da capital sérvia.
“Quando os generais croatas foram condenados em Haia [no Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia], o povo da Croácia esteve presente e agora basta olhar em volta. É uma traição”, acrescentou Radovanovic, recordando os cerca de 30 mil manifestantes que saíram à rua em meados de abril na Croácia para protestar contra a condenação de dois ex-militares croatas.
Assista a um vídeo que mostra algumas imagens do ato:
Também hoje, cerca de três mil apoiantes de Mladic viajaram até Kalinovik, a terra natal do ex-líder militar localizada na região leste da Bósnia, para protestar contra a prisão.
Foragido da Justiça há 16 anos, Mladic foi detido na última
quinta-feira. Ele é acusado pela morte de milhares de civis na Guerra da
Bósnia (1992-1995), inclusive o massacre de Srebrenica, no qual oito
mil muçulmanos foram assassinados em três dias de julho de 1995 sob suas
ordens.
Seu filho Darko deu declarações à imprensa em Belgrado, negando a culpa do pai nos massadres. Ele afirmou que, em julho de 1995, Mladictinha ordenado a retirada dos feridos, mulheres e crianças de Srebrenica, e depois também dos combatentes.
“A única coisa que comentou sobre Srebrenica é que (ele) não tem nada a ver com o que aconteceu ali”, declarou Darko Mladic após visitar seu pai na cela do departamento especial de crimes de guerra do Tribunal de Belgrado.
Ele também criticou a decisão do tribunal sérvio de considerar aceitáveis as condições para que Mladic seja julgado, ao lembrar que os médicos haviam diagnosticado várias doenças crônicas no réu, que durante os 16 anos em que permaneceu foragido teria sofrido dois derrames cerebrais.
Darko anunciou que pedirá um exame médico independente sobre a saúde do pai, que, no entanto, pode ser extraditado ao TPII nos próximos dois dias caso os juízes sérvios rejeitem o recurso que a defesa apresentará.
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL
NULL