Comandantes das Forças Armadas pediram ao presidente uruguaio, José Mujica, que encontre uma solução legislativa que freie o início iminente de dezenas de detenções de militares acusados de violar os Direitos Humanos durante a ditadura no país (1973-1985).
Segundo informações da publicação semanal “Búsqueda”, as autoridades militares manifestaram o seu descontentameno com Mujica durante alguns encontros que mantiveram com o presidente e com o ministro de Defesa, Luis Rosadilla.
Consultado a respeito do assunto, o presidente uruguaio não quis dar detalhes sobre essas reuniões e se limitou a dizer que o está analisando o assunto e que o seu papel é fazer “uma ponte entre o hoje e o futuro”.
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No entanto, Mujica alegou que, como “presidente de todos os uruguaios”, procura integrar, e não excluir, as Forças Armadas. Segundo ele, atualmente, a força militar é composta “por 95% de pessoas que não tiveram nenhuma ligação com a ditadura”.
“Temos que deixar que a Justiça atue e faça seu trabalho com as maiores garantias possíveis. Isso não compete ao Poder Executivo e os militares sabem disso”, declarou Mujica.
O pedido se dá no momento em que a Lei de Caducidade – que impede que os militares que atuaram durante o regime militar sejam julgados – foi declarada inconstitucional pela terceira vez pela Suprema Corte de Justiça, diante de um caso específico, pelo qual acredita-se que vários militares devam ser condenados.
Esta, no entanto, não é a primeira vez que militares acusados de crimes de lesa humanidade, como tortura, desaparecimentos, sequestros de menores e prisões clandestinas, adotam medidas que tentam evitar seus julgamentos.
No mês passado, um grupo de oficiais aposentados enviou uma carta aos atuais comandos das Forças Armadas para advertir sobre uma “perseguição” contra seus “parceiros” que atualmente estão presos, dizendo que, caso forem condenados, resistirão às ordens de prisão.
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