O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, reivindicou mais “margem de manobra” e “apoio moral” por parte da Alemanha e outros parceiros do bloco para que os países afetados pela crise que aplicam ajustes e reformas possam ter sucesso.
Em entrevista adiantada pelo semanário político alemão Der Spiegel, o primeiro-ministro da Itália adverte dos riscos da inflexibilidade nesta crise. “Se a Alemanha e outros países estão interessados em que a atual política na Itália tenha futuro, então devem dar apoio moral, não financeiro a Roma”, assegurou Monti.
Agência Efe
Mario Monti e o espanhol Mariano Rajoy durante coletiva de imprensa na última quinta-feira.
Em geral, o primeiro-ministro da Itália acrescentou que Berlim e outras capitais europeias “deveriam deixar algo mais de margem de manobra a alguns países da eurozona que completam da forma mais estrita os requisitos europeus”.
No entanto, não especificou se essa margem deve ser concedida dentro das políticas de consolidação fiscal, na aplicação dos ajustes ou na regulação de certos mecanismos europeus como os fundos de resgate. Também não disse quais são os países, além da Itália, aos que se referia, embora em várias ocasiões tenha assinalado que ambos os países compartilhavam o afã reformista e o peso da pressão dos mercados.
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Apontou que a “desconfiança” geral suscitada pela crise da dívida é a que faz com que alguns países mostrem “certa preocupação” perante a possibilidade que o BCE (Banco Central Europeu) reative seu programa de compra de bônus soberanos no mercado secundário.
Esta ação, que o BCE já realizou durante vários meses no ano passado, serviria para aliviar tensões nos mercados e os custos de financiamento da dívida espanhola e italiana, situada agora em cotas muito elevadas e pouco sustentáveis a longo prazo.
“Essas preocupações são infundadas. Essa é precisamente a desconfiança que nos impediu nesta crise de encontrar uma solução clara. Temos que superar isto rapidamente e voltar a confiar uns nos outros”, afirmou Monti.
Preconceitos nacionalistas
O primeiro-ministro assinalou que a crise instigou os preconceitos nacionalistas dentro da eurozona, algo que considerou “muito intranquilizador”, porque levantou “uma frente de confronto entre o norte e o sul” da Europa.
Em seguida, o primeiro-ministro alertou que “se o euro se transformasse em um fator para a desintegração europeia, então ficariam destroçados os fundamentos do projeto Europa”.
Monti também lembrou que a Alemanha e a França, as duas maiores economias da eurozona, foram os primeiros países que descumpriram, em 2002 e 2003, os limites de endividamento fixados no Pacto de Estabilidade e Crescimento, dando um “mal exemplo” ao resto de membros.
Além disso, destacou que “muito do que a Alemanha e França fizeram pelo resgate da Grécia ajuda também os bancos alemães e franceses, que são com muito os maiores credores da Grécia e dos bancos gregos”.
A Itália, acrescentou, que é um contribuinte líquido aos fundos de resgate, mal se beneficiava indiretamente das ajudas para Atenas. De fato, Monti indicou que a dívida pública italiana passou a representar 123,4% do Produto Interno Bruto (PIB) por causa dos resgates, já que sem eles se situaria em 120,3%.
(*) Com informações da Agência Efe