O presidente da Bolívia, Evo Morales, e o candidato da oposição Jorge Quiroga falaram nesta semana sobre os planos do país para exploração do lítio e, com o assunto, já travam a primeira polêmica visando às eleiçòes gerais de 6 de dezembro.
Morales acusa Quiroga de copiar seu plano para a industrialização do metal e a intenção de desenvolver a exploração do lítio como parte do programa de governo. Já Quiroga afirma que foi o presidente que abordou o assunto depois que ele mencionou a questão do lítio durante a coletiva de imprensa em que anunciou sua candidatura à presidência, de acordo com informações da Agência EFE.
Entre as trocas de críticas para ambos os lados, o líder boliviano disse que Quiroga não fez nada pelo desenvolvimento do lítio nem quando foi presidente, entre 2001 e 2002, nem como vice-presidente de Hugo Banzer (1997-2001).
Além disso, Morales defende que o plano que será empregado por seu governo inclui a produção de baterias de lítio e de automóveis elétricos, enquanto o projeto de Quiroga só contempla o primeiro ponto.
“Se tivéssemos 1,5 milhões de dólares, daqui a cinco, sete ou dez anos talvez (…) produziríamos carros a lítio. Não estamos longe disso, e quando 'Tuto' [Quiroga] levanta apenas a questão das baterias a lítio, isto me causa risos”, disse Morales em discurso.
Por seu lado, o ex-presidente Quiroga desafiou Morales para um debate “tranquilo e civilizado” para discussão das propostas de cada um para industrialização do lítio.
“O presidente falou sobre esta questão hoje pela primeira vez, na sequência da proposta que fizemos ontem à noite. Que diga quando vamos debater a industrialização, como atrair investimentos, como dar segurança jurídica, qual é o seu programa”, afirmou Quiroga.
Ele também rebateu as críticas dizendo que o Executivo “mal poderia falar de industrialização do lítio” porque em três anos e meio de governo não conseguiu industrializar “nem uma molécula de gás”.
Segundo Quiroga, o governo não poderá desenvolver esta indústria porque a administração do presidente venezuelano, Hugo Chávez, principal aliado de Morales, o impedirá.
“Um país petroleiro é inimigo das baterias de lítio (…). Automóvel com bateria de lítio boliviana requer menos combustível venezuelano. O senhor Chávez sabotou o etanol e vai sabotar o lítio, e a este governo não o vai deixar avançar”, declarou.
Quiroga, que lidera a principal aliança de direita da Bolívia, Poder Democrático Social (Podemos), é um dos doze políticos opositores que anunciaram a candidatura à presidência da Bolívia para enfrentar Morales nas eleições gerais de dezembro.
Além dele e de Morales, até o momento, oficializaram suas candidaturas, entre outros, o ex-vice-presidente Víctor Hugo Cárdenas (1993-1997) e o empresário Samuel Doria Medina.
Segundo o calendário eleitoral, a data limite para a entrega de listas de candidatos termina em 7 de setembro.
Lítio
O lítio boliviano é encontrado na planície de Salar de Uyuni, localizada na região andina do departamento (estado) de Potosí, com superficie de 10 mil quilômetros quadrados e profundidade de até 220 metros.
Investidores da Europa e da Ásia já demonstraram interesse no potencial da Bolívia como produtora deste metal para obter energia para a fabricação em série de automóveis elétricos.
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