Após conversa telefônica entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e Estados Unidos, Barack Obama, foi acordado, nesta segunda-feira (22/02), um cessar-fogo na Síria a partir de 27 de fevereiro. O fim das hostilidades não inclui os enfrentamentos aos grupos considerados terroristas como o EI (Estado Islâmico) e o Jabhat al-Nusra.
Agência Efe
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De acordo com o Putin, a Rússia fará todo o possível para garantir que Damasco respeite o acordo. A oposição deve anunciar a intenção de cessar as ações militares na Síria até o meio-dia do dia 26, assegurou o mandatário. Ele disse ainda que os grupos opositores também se comprometeram a não atacar as forças governamentais sírias.
“Enquanto isso, Estado Islâmico, Frente al Nusra e outros grupos terroristas ficam totalmente excluídos do acordo. As ações contra eles continuarão”, complementou o presidente russo.
Putin concluiu dizendo que o acordo significará uma mudança radical na crise síria e afirmou que “finalmente surgiu uma oportunidade real de pôr fim a muitos anos de derramamento de sangue”.
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Conversa telefônica foi de iniciativa de Putin
Já Obama ressaltou que “a prioridade agora é assegurar respostas positivas por parte da Síria e da oposição armada, assim como uma implementação fiel por todas as partes a fim de aliviar o sofrimento do povo sírio e estimular o processo liderado pela ONU” para acabar com a guerra.
No mesmo sentido, o comunicado divulgado pelo Departamento de Estado dos EUA diz que “a cessação de hostilidades será aplicada a todas as partes implicadas no conflito sírio que tenham indicado seu compromisso a uma aceitação de seus termos”. A nota ressalta ainda que Moscou e Washington trocarão informações permanentes sobre a estabilidade síria.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, elogiou o acordo alcançado: “este é um momento de promessas, mas o cumprimento destas promessas depende de ações”, ressaltou também em um comunicado.
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O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou o pacto, comentando que este tenta levar um muito esperado “sinal de esperança” para a população do país. Ele considerou que, caso seja respeitada, essa cessação de hostilidades representará um “passo significativo” na aplicação da resolução 2254 do Conselho de Segurança, que fixa um roteiro para pôr fim à guerra no país árabe.
Oposição armada
Por outro lado, a CSN (Comissão Suprema para as Negociações), principal aliança da oposição da Síria, aceitou “provisoriamente” o acordo, como afirmou o dirigente Hisham Marwa.
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Marwa afirmou que o acordo contempla, entre outras medidas, a suspensão dos bombardeios russos, a entrada de ajuda humanitária e a libertação de prisioneiros.
Segundo dados do Observatório Sírio de Direitos Humanos, a guerra na Síria deixou, desde 2011, mais de 250 mil mortos e 4 milhões de refugiados.
Eleições
O presidente sírio Bashar al Assad, por sua vez, anunciou a convocação de eleições Parlamentares para o próximo dia 13 de abril.
Em um breve comunicado, o decreto divulgado pela agência oficial Sana especifica o número de deputados eleitos por cada província, entre as quais se incluem regiões como Al Raqqa e Idlib, que estão controladas, no primeiro caso, pelo grupo jihadista Estado Islâmico e, no segundo, por uma coalizão de grupos armados islamitas, rebeldes e terroristas.
O documento informa o número de parlamentares por cada uma das 15 províncias do país e a quantidade de assentos reservados a agricultores e trabalhadores (127), por um lado, e a jovens (123), por outro.