Após se encontrar com Vladimir Putin, em Moscou, o presidente Jair Bolsonaro viajou, de forma improvisada, à Hungria para se encontrar com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, quem chamou de “irmão” após reunião entre os líderes nesta quinta-feira (17/02).
Na ocasião, e não pela primeira vez, Bolsonaro usou um lema fascista para afirmar valores que ambos representariam: “Deus, Pátria, Família e Liberdade”.
O presidente brasileiro destacou em sua fala que considera a Hungria como “nosso pequeno grande irmão”, que, segundo ele, é “pequeno pelo tamanho territorial e grande pelos valores que representamos”.
A expressão tem origem no fascismo italiano da década de 20 e foi replicado pelos integralistas no Brasil no mesmo período. O encontro entre Bolsonaro e Orbán foi marcado por um discurso conservador e pela assinatura de acordos econômicos.
O mandatário brasileiro afirmou ainda que a reunião “foi bastante útil” e que “trocou informações sobre a possibilidade de uma guerra entre Ucrânia e Rússia“. “A guerra não interessa a ninguém porque todos perdem com isso”, pontuou, sugerindo que sua chegada no leste europeu tenha sido, “coincidência ou não”, no momento de recuo das tropas russas da fronteira ucraniana.
A tensão na região, no entanto, sequer foi discutida entre ele e o presidente russo. Além disso, segundo o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, o retorno das tropas aos quartéis é parte do planejamento para os exercícios militares conjuntos em Belarus. “O que está acontecendo é o procedimento habitual”, declarou Peskov na terça-feira (15/02).
Alan Santos/PR
Após encontro com Putin em Moscou, mandatário brasileiro se reuniu com premiê húngaro, um dos principais representantes europeus da extrema-
Orbán, por sua vez, fez a defesa da pauta de extrema direita, com críticas à política migratória da União Europeia – a Hungria faz parte do Viségrad, grupo europeu que se opõe às realocações dos refugiados que chegam ao continente -, a defesa da “família tradicional” contra minorias e a fala de que os cristãos “são os mais perseguidos do mundo” por conta, de acordo com ele, da sua fé.
O premiê ainda pontuou que a Hungria comprou dois novos aviões da Embraer e ressaltou o ineditismo na visita de um presidente brasileiro ao país. Sobre a possível guerra ucraniana, Orbán ressaltou que seu governo, ao lado da UE, trabalha para evitar a escalada de tensão “também porque estamos perto desse conflito armado”.
Sobre as mortes causadas pelas chuvas em Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde mais de 100 vítimas já foram confirmadas, o líder húngaro lamentou e enviou condolências às famílias.
Mais cedo, Bolsonaro se reuniu com o presidente da Hungria, János Áder, para debater sobre questões ambientais e mentiu ao dizer que “não existe destruição da Amazônia”, dizendo que o país foca no “reflorestamento”, uma medida que ele disse não ver “acontecer em outros países da Europa”.
A fala contradiz os dados oficiais do próprio governo, que mostra o desmatamento recorde da Amazônia mês após mês.
Assim como Bolsonaro, o premiê também está em uma complicada campanha eleitoral. As eleições no país europeu ocorrem em abril e uma coalizão da oposição tenta retirá-lo do poder após 12 anos.
A viagem de Bolsonaro à Hungria é a última parada de um tour pelo leste europeu. Na quarta (16/02), ele cumpriu agenda na Rússia, onde se reuniu com o presidente Putin.
(*) Com Ansa.