O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, voltou a afirmar, durante a edição desta terça-feira (20/09) de seu programa semanal, que “ninguém tira a Venezuela do Mercosul”, após ter sido decidido pelos outros países-membros que a nação poderá ser suspensa em dezembro caso não cumpra com o protocolo de adesão ao bloco.
“Já não podem questionar a Presidência pro tempore da Venezuela no Mercosul. Agora dizem que vão nos expulsar. Se nos tiram pela porta, entraremos de volta pela janela, mas do Mercosul ninguém tira a Venezuela. A Venezuela é o Mercosul, o coração, a cabeça, a alma do Mercosul está aqui na Venezuela de [Simón] Bolívar”, afirmou o mandatário no programa “Em contato com Maduro”, que é transmitido pela TV e pela rádio estatal do país.
Cubadebate
Em programa de TV e rádio, Maduro disse que “ninguém tira Venezuela do Mercosul”
Ele também disse que existe uma tentativa de “acabar” com o bloco por parte dos governos “antipopulares e de direita” de Brasil, Argentina e Paraguai para entregá-lo aos EUA, “por meio de um ALCA [proposta de uma área de livre comércio nas Américas]”.
Também na terça, a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, anunciou que o governo rechaçava uma reunião realizada no domingo (18/09) pelos chanceleres do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai em que decidiram que o último ficará responsável pelas negociações comerciais do bloco com a União Europeia.
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O encontro foi o primeiro desde que a Venezuela foi impedida de assumir a Presidência rotativa do órgão, no dia 14 de setembro. Na ocasião, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai decidiram assumir a liderança conjunta do bloco em vez de passá-la à Venezuela, sob a alegação de que o país não teria cumprido compromissos assumidos no Protocolo de Adesão ao Mercosul, assinado em 2006.
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A resolução, aprovada por Brasil, Argentina e Paraguai com a abstenção do Uruguai, afirma que o prazo para cumprir com as obrigações do Protocolo se encerrou em agosto de 2016. Segundo o Itamaraty, se não ratificar os acordos do Mercosul, a Venezuela “será suspensa em 1º de dezembro”.
A presidência rotativa do Mercosul foi exercida pelo Uruguai no primeiro semestre desse ano e, a partir de julho, deveria ser passada à Venezuela, segundo a ordem alfabética que rege tais transferências no Mercosul.
No entanto, Argentina, Brasil e Paraguai se opuseram a que a liderança fosse assumida pelo governo de Nicolás Maduro, alegando instabilidade política e econômica naquele país.
Em junho, após concluído seu período, o Uruguai se negou a continuar exercendo a presidência do Mercosul, que o governo de Caracas decidiu assumir apesar da rejeição dos outros três dos membros do bloco.
De acordo com o Itamaraty, o acordo entre os fundadores do Mercosul “foi adotado com espírito de preservação e fortalecimento do bloco, de modo a assegurar uma solução de continuidade ao funcionamento de seus órgãos e mecanismos de integração, cooperação e coordenação”.