A visita nesta semana do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a Washington foi um convite oferecido pelo líder da Câmara dos Representantes dos EUA, o republicano John Boehner. Considerada uma quebra de protocolo para a Casa Branca, a atitude gerou conflitos internos na administração do presidente Barack Obama e também com o governo israelense.
Para apaziguar o clima de tensão, Netanyahu declarou nesta segunda-feira (02/03) que a relação entre os dois países “está mais forte do que nunca e será ainda mais forte” e que as nações são “membros de uma mesma família”. O discurso foi realizado durante a conferência anual do Aipac (Comitê de Relações Públicas Americano-Israelenses), instituição mais influente em lobby israelense nos EUA.
EFE
Netanyahu criticou Irã em discurso hoje na sede do Aipac, principal grupo de lobby israelense em território norte-americano
Para uma plateia de 16 mil pessoas, o premiê destacou que as “notícias sobre a morte das relações entre EUA e Israel não são apenas prematuras, mas equivocadas”. Aos seus olhos, a aliança “é segura e forte”.
Contudo, o presidente norte-americano, Barack Obama, recusou-se a se reunir com Netanyahu, sob a justificativa de que um encontro poderia influenciar nas eleições israelenses, previstas para acontecer no dia 17 de março.
O próprio secretário de Estado e chefe da diplomacia, John Kerry, admitiu que foi “estranho” que o republicano John Boehner não notificasse a Casa Branca. Em entrevista à emissora ABC News, ele ressaltou que, apesar da visita surpresa, Washington e Tel Aviv coincidem em seu objetivo principal de garantir que o “Irã não está fabricando armas nucleares”.
NULL
NULL
Discurso no Congresso
As declarações de Netanyahu na sede do Aipac foram uma prévia do discurso no Congresso, previsto para acontecer nesta terça-feira (03/03). O principal motivo pelo qual Boehner convidou o premiê foi para que este pudesse discursar sobre “os perigos de um acordo nuclear com o Irã” perante o Congresso norte-americano, predominantemente controlado pela oposição republicana.
Hoje, Netanyahu já expressou preocupação de que as conversas entre o Irã e potências mundiais acenam para a possibilidade de que Teerã se torne um Estado com armas nucleares. “Como primeiro-ministro de Israel, eu tenho a obrigação moral de falar sobre esses perigos enquanto ainda há tempo de revertê-los”, declarou Netanyahu, segundo a Reuters. Ele acrescentou que o objetivo de seu discurso de amanhã no Congresso é de “falar claramente sobre um potencial acordo com o Irã que ameaça a sobrevivência de Israel”.
EFE
Encontro no Aipac teve presença recorde de 16 mil pessoas no local
Na mesma linha de Netanyahu, o vice-embaixador de Israel em Washington, Reuven Azar, comparou o “mau acordo” com o Irã, do mesmo modo que o primeiro-ministro britânico Winston Churchill advertiu em 1938 que o Reino Unido iria contra qualquer pacto com a Alemanha nazista.
“O primeiro-ministro sente que estamos à beira de uma catástrofe enorme na região. E vem com a mesma mensagem que Churchill antes da Segunda Guerra Mundial, para dizer: temos que lidar com isso agora”, disse Azar em entrevista à Agência EFE.
Há anos, Irã negocia com o G5+1 (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) a existência de um programa nuclear. A comunidade internacional acusa Teerã de querer produzir uma bomba atômica, embora o país persa assegure que o programa tem um caráter pacífico, como a geração de energia elétrica para o território nacional. O prazo do processo de negociação com as potências foi prolongado para julho de 2015.
EFE
Instalação na cidade iraniana de Bushehr: em 2014, Teerã prometeu congelar atividades nucleares em troca da fim de sanções