As tropas dos Estados Unidos vão encerrar as operações de combate no Iraque em agosto de 2010, disse hoje (27) o presidente Barack Obama. Perante uma platéia estimada em 2 mil soldados e oficiais, ele afirmou que quer cumprir o mais depressa possível uma de suas importantes promessas eleitorais.
“Não podemos ficar mais tempo ali, à espera de que a união [dos iraquianos] seja perfeita. Não é bom para nossas forças armadas, nem para um país que já gastou US$ 1 trilhão no envio de tropas”, disse o presidente no campo de treinamento de Camp Lejeune, na Carolina do Norte.
O presidente afirmou também que de 35 mil a 50 mil soldados permanecerão no Iraque até finais de 2011 para proteger as instalações civis norte-americanas, mas garantiu que Washington “não deve substituir as instituições iraquianas”.
Obama justificou o fim das operações militares com os argumentos de que a violência no Iraque diminuiu consideravelmente no último ano e que o governo de Bagdá, paulatinamente, tem conseguido retomar o controle da situção interna. O presidente também enfatizou que as operações terroristas da Al Qaeda praticamente cessaram no país.
Ficarão muitos soldados, dizem os críticos
“Durante anos, homens e mulheres norte-americanos lutaram rua a rua, província a província, para que os iraquianos tenham a possibilidades de escolher um futuro melhor. Este é o momento”, disse o presidente.
Mas nem todo mundo aprovou o anúncio. Dentro de seu próprio partido, senadores criticaram a permanência de até 50 mil soldados. Acham muito. Obama tinha prometido retirar as tropas num prazo de 16 meses, logo após a vitória eleitoral de novembro passado, com a idéia de reforçar o contingente no Afeganistão, onde o governo local parece perder posições frente aos talibãs.
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Obama aproveitou a oportunidade para aunciar a nomeação de Christopher Hill como embaixador na capital iraquiana. Veterano do Kosovo e das relações com a Coréia do Norte, Hill é considerado um pragmático. “É a caracteristica de sua personalidade que mais precisamos neste momento”, disse o presidente.
Ao mesmo tempo, a Casa Branca revelou aos jornalistas que acompanham o presidente que Obama pediu ao primeiro ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, que lhe entregue um relatório sobre os planos da administração Bush para retirada das tropas. Durante o voo de Washington para a Carolina do Norte, Obama fez o mesmo pedido a seu antecessor. “Foi um pedido de cortesia”, esclareceu o porta-voz presidencial Robert Gibbs.
Plano “realista”
Acabado o discurso, vieram as reações, a maioria delas positiva. Segundo Paul Wilkinson, presidente do Centro de Estudos sobre Terrorismo e Violência Política na Universidade de St. Andrews, o cronograma de retirada apresentado por Obama “é realista, tendo em conta os progressos conseguidos nos treinos do Exército e da polícia locais, assim como o bom andamento das eleições provinciais”, de janeiro passado.
“É um passo absolutamente necessário para a normalização do Iraque. Será complicado, mas vital para uma estabilização a longo prazo”, acrescentou David Claridge, diretor de Análise de Riscos de Segurança da empresa Janusian.
Segundo ele, o plano de Obama colocará na defensiva organizações iraquianas que sempre defenderam a retirada das tropas. É o caso de grupos como o chefiado pelo clérigo Moqtada al-Sadr, que sempre se definiram como opositores da ocupção militar norte-americana.
Logo que soube do discurso de Obama, o chefe do gabinete de Moqtada em Bagdá emitiu um comunicado em que diz apoiar os planos do presidente norte-americano, “sempre e quando se mantenha fiel à sua promessa de uma retirada completa no fim de 2011”.
“Já estávamos prontos para isso, inclusive antes do anúncio do presidente. As nossas forças podem enfrentar todos os desafios. Dezenove meses não nos preocupam”, afirmou o porta-voz do Ministério do Interior do Iraque, Abdul Karim Khalaf.
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