A principal coalizão da oposição síria considera que o discurso pronunciado pelo presidente Bashar al Assad neste domingo (06/01) “não apresentou novidades” e só confirma que o regime “manterá a repressão ao povo e a destruição ao país”.
Em declarações à Agência Efe via telefônica, Abdelbaset Seida, membro executivo da Coalizão Nacional de Forças da Revolução e Oposição Sírias (CNFROS), afirmou que o plano para uma solução política apresentado pelo líder representa “uma regressão com relação aos seus compromissos anteriores”.
Para Seida, Assad procura “deformar a realidade com uma linguagem falsa”, já que sugere que há um conflito na Síria “entre um regime civil e pacífico que procura o interesse dos cidadãos e os grupos terroristas”.
O dirigente opositor disse que, após escutar o presidente sírio, a conclusão é que “os últimos esforços do mediador internacional Lakhdar Brahimi e os contatos com os Estados Unidos e Rússia não levaram a nenhum avanço”.
Além disso, Seida comentou que Assad sequer fez menção à libertação dos detidos ou à retirada militar das cidades.
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Por sua vez, o Grupo de Ação Nacional, que também integra a CNFROS, disse que “Assad elegeu a guerra contra o povo sírio e o suicídio ao invés da solução” e insistiu que o líder segue mantendo “suas ameaças e o genocídio”, quando faltam dois meses para o segundo aniversário da explosão da revolução.
Assad fez um pronunciamento à nação neste domingo para propor a cessação da provisão internacional de armas aos “terroristas”, após comentar que o Exército sírio cessará suas operações se for iniciado um diálogo nacional com o objetivo de elaborar uma nova Constituição e escolher um novo governo.
Após o discurso, os opositores saíram às ruas de algumas povoações das províncias de Hama (centro do país) e Idlib (norte), entre outras, para expressar rejeição às palavras de Assad.
No bairro de Al Hamediya, na cidade de Hama, dezenas de pessoas levaram cartazes nos quais era possível ver palavras de ordem como “Não há terrorismo, salvo o de Assad”, segundo vídeos postados na internet.
O porta-voz da União de Revolucionários de Hama, Abu al Qasem, informou à Efe pela internet que o Exército sírio bombardeou as localidades de Kafr Nabuda e Tibat al Imame, também em Hama, depois do discurso de Assad.
Pelo menos 60 mil pessoas perderam a vida no conflito sírio desde março de 2011 até novembro de 2012, de acordo com os últimos dados da ONU.