O conflito armado no Iraque, onde os extremistas sunitas do EI (Estado Islâmico) controlam grandes porções de território na região norte, está forçando a fuga de mais de 600 mil civis do país. Conforme afirmou um deputado iraquiano neste domingo (10/08) em Bagdá, os mais afetados são grupos populacionais pertencentes a minorias étnicas e religiosas, coagidos pelos jihadistas do EI.
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Agência Efe
Ex-combatentes das forças curdas resolveram se voluntariar para lutar contra o avanço dos jihadistas do EI no Iraque
“Cerca de 150 mil membros do grupo étnico shabak, 250 mil turcomanos e 200 mil seguidores do credo yazidi foram forçados pelos grupos terroristas a se deslocar”, relatou em entrevista coletiva Henin al Qedu, deputado da província setentrional de Ninawa. Pedindo rápida mobilização das autoridades nas zonas onde o conflito é mais agudo, Qedu afirmou que “as operações de assassinato, saques e violações continuam nas aldeias de maioria shabak e também nas localidades yazidis e cristãs em Sinjar”.
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“Os governos locais devem facilitar a passagem aos foragidos e ajudá-los, ao invés de dificultar seu avanço”, disse Qedu, pedindo que as autoridades responsáveis por Bagdá e também por Erbil, capital da região do Curdistão, formem comitês de assistência e colaborem para libertar as zonas de Sahl Ninawa, Sinjar, Bashiqa, Qaraqosh e Tal Afar.
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Os cristãos, yazidis, turcomanos e shabak são algumas das minorias que conviveram durante muito tempo com os muçulmanos no Iraque, onde agora são perseguidos pelo EI. A maioria destes grupos, presentes no país durante centenas e inclusive milhares de anos, vive na província de Ninawa, uma zona de história e cultura milenárias próxima ao rio Tigre e situada cerca de 400 quilômetros ao noroeste de Bagdá.
20 mil yazidi fogem do EI
Cerca de 20 mil civis pertencentes à minoria yazidi conseguiram escapar do cerco dos jihadistas em torno do monte Sinjar, no norte do Iraque, onde estavam em situação desesperada por falta de água e comida. Graças à ajuda militar das forças curdas (“peshmergas”), os yazidi puderam chegar a zonas do Curdistão iraquiano próximas à fronteira síria.
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A fonte assegurou à agência Efe que combatentes do EI executaram nos últimos dias centenas de yazidis por rejeitar se converter ao islã, apesar de não precisar o número exato. Nessa mesma linha, a fonte disse que cerca de 300 famílias yazidis, que vivem nas aldeias de Jansur, Koya e Hetin, foram ameaçadas de morte pelo EI se não abraçarem a fé muçulmana em um prazo que expira nesta tarde.
Calcula-se que ainda há mais de 130 mil membros da comunidade yazidi deslocados nessa zona, à espera de receber ajuda humanitária que os EUA e Reino Unido estão oferecendo desde o ar, que em muitos casos estraga quando se choca contra o solo, já que os pacotes são lançados desde aviões.
Cerca de 500 mil yazidis vivem no Iraque, a maioria em Ninawa, enquanto a diáspora se concentra principalmente na Alemanha (50 mil).
(*) Com informações da Agência Efe