Em seu último final de semana como papa, Bento XVI disse neste domingo (24/02) que Deus o chamou para se dedicar ainda mais à oração e à meditação, o que fará “de um modo mais adequado” a sua “idade e forças”, assim que for efetivada sua renúncia ao pontificado, na próxima quinta-feira (28/02).
Bento XVI rezou seu último Ângelus em uma abarrotada Praça de São Pedro, na qual se reuniram cerca de 200 mil fiéis, peregrinos e turistas, que quiseram se despedir do pontífice e ocupavam até mesmo ruas adjacentes à praça.
Emocionado, o papa foi interrompido várias vezes por aplausos da multidão durante sua mensagem aos fiéis. O pontífice, que daqui a dois meses completará 86 anos, falou de sua retirada “à montanha” (Tabor), mas esclareceu que isso “não significa abandonar a Igreja”.
“É mais, se Deus me pede isso, é porque eu poderei continuar servindo com as mesmas condições e o mesmo amor com o qual o fiz até agora, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas forças”, afirmou.
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Bento XVI escolheu para este segundo domingo de Quaresma a passagem do Evangelho de Lucas sobre a Transfiguração do Senhor, no qual relata como Jesus se transfigurou enquanto rezava em uma espécie de retirada espiritual no monte Tabor, junto com os apóstolos Pedro, Tiago e João.
Ao meditar sobre essa passagem do Evangelho, “podemos extrair um ensino muito importante”, disse. “A oração não representa se isolar do mundo e de suas contradições, como no monte Tabor queria fazer Pedro, pois a oração conduz ao caminho, à ação.”
“A vida cristã – que escrevi na Mensagem para a Quaresma – consiste em um contínuo subir à montanha para se encontrar com Deus, para depois descer levando o amor e a força a fim de servir nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus”, acrescentou.
Depois da mensagem, o papa cumprimentou os peregrinos em sete idiomas – entre eles o português – e se retirou a seu aposentos.
Após deixar o papado, na próxima quinta-feira, Joseph Ratzinger passará a viver na residência pontifícia de Castel Gandolfo, ao menos por dois meses. Depois, ele viverá no mosteiro de clausura, no Vaticano, que está sendo reformado. O atual papa assumiu o cargo em 2005 e anunciou sua renúncia durante o último Carnaval.