O governo remodelado do primeiro-ministro socialista grego, Giorgos Papandreou, conseguiu nesta terça-feira (21/06) o voto de confiança do Parlamento e passou pela primeira prova de fogo para cumprir as condições dos credores e receber ajuda financeira.
“155 deputados deram seu voto de confiança ao governo, do total de 298 votos emitidos. 143 votaram contra”, anunciou o presidente do Parlamento da Grécia, Filipos Pechalnikos.
Antes do início da votação aberta, Papandreou pediu apoio de todos “para enfrentar a crise de forma efetiva, evitar a quebra e garantir que a Grécia permaneça no núcleo do euro” e para a segurança do país.
“Hoje, nossos sócios nos estendem uma mão de ajuda sob difíceis condições e é nossa responsabilidade, antes de mais nada, nos colocarmos de pé”, declarou o chefe de governo, após rejeitar a convocação de eleições antecipadas como pedia a oposição.
Agora, o governo grego deverá se concentrar em conseguir a adoção no Parlamento de um novo pacote de medidas de austeridade e reformas para reduzir o enorme déficit de 10,5 % do PIB (Produto Interno Bruto), cerca de 24 bilhões de euros, e pagar sua dívida, que já supera 150% do PIB.
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O Eurogrupo decidirá no dia 3 de julho se outorgará à Grécia a quinta parcela, de 12 bilhões de euros, do resgate total de 110 bilhões de euros que concedeu junto com o FMI (Fundo Monetário Internacional) no ano passado.
Novas medidas
O novo ministro das Finanças, Vangelis Venizelos, garantiu nesta terça-feira que os dois partidos da oposição conservadora grega estão dispostos a não boicotar a adoção das novas medidas, mas não votarão a favor delas no Parlamento.
“Concordamos pelo menos em ir ao Eurogrupo com o pacote de medidas já aprovado”, declarou Venizelos horas antes da votação.
O conjunto de novas reformas, cortes e impostos para alcançar uma economia total de 78 bilhões de euros nos próximos cinco anos, suscitou protestos dos sindicatos e dos desempregados de todo o país, que representam 15,9% da população.
Os funcionários públicos também estão insatisfeitos, uma vez que podem perder seus empregos durante o processo de privatização de empresas estatais, assim como os empresários e comerciantes que não têm trabalho, e os assalariados e aposentados que sofrerão novas reduções de receita.
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Para os próximos dez dias, os sindicatos anunciaram diversas manifestações e empregados da empresa de eletricidade já provocaram blecautes de horas em diversas cidades da Grécia.
Protestos
Na noite da votação, alguns dos milhares de “indignados” que se congregaram contra o Parlamento levando bandeiras, cartazes e forcas, reagiram com gritos e chacotas, e jogaram garrafas contra a Polícia, ao conhecer o resultado.
Venizelos reconheceu que, com as medidas já adotadas nos últimos 19 meses pelo Governo para reduzir o déficit fiscal do país, o maior da zona do euro, existe um sério problema de injustiça social.
“Nessa primeira fase existe injustiça e é nosso dever repará-la. É nossa prioridade impor um novo sistema de impostos que ponha fim à injustiça estrutural, para que paguem os que devem pagar”, disse.
Papandreou convocou o Conselho de Ministros “para revisar e aprovar a legislação destinada a aplicar o novo pacote de medidas em médio prazo” na quarta-feira (22/06).
O primeiro-ministro também presidirá a primeira reunião da comissão governamental, composta por dez ministros, para tratar a estratégia a seguir na cúpula da União Europeia, que começa nesta sexta-feira (24/06) e analisará um novo resgate para a Grécia, em um valor estimado entre 90 bilhões e 120 bilhões de euros.
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