Em reuniões com o governo da Guatemala desde o começo deste ano, os Estados Unidos exigiram que o então presidente Otto Pérez Molina, que renunciou ao cargo nesta quinta-feira (03/04) e foi preso no mesmo dia, renovasse o mandato de uma comissão da ONU encarregada de investigar as denúncias de corrupção contra o governo, medida à qual Molina era contrário. A informação foi dada nesta sexta-feira (04/09) pela agência Reuters.
Outra exigência de Washington era a demissão de funcionários próximos ao presidente que estivessem supostamente relacionados a esquemas de corrupção.
De acordo com a Reuters, os Estados Unidos negociavam um plano de US$ 20 bilhões em ajuda para países da América Central, entre eles a Guatemala, para estimular o crescimento econômico local e evitar a emigração de seus habitantes. O aporte financeiro da chamada Aliança para a Prosperidade dependia do cumprimento das demandas dos EUA, que queriam se certificar de que o dinheiro não fosse desviado.
A Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (CICIG) teve seu prosseguimento assegurado pelo presidente em abril. No mês seguinte, Molina demitiu membros do seu governo e aceitou a renúncia da vice-presidente do país, Roxana Baldetti, também envolvida nos escândalos de corrupção. Desde que teve seu mandato renovado, a Comissão derrubou funcionários do alto escalão administrativo da Guatemala, incluindo o presidente do Banco Central.
Agência Efe
De acordo com reportagem, Molina alterou o alto escalão político em troca de ajuda financeira dos EUA
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As mesmas fontes disseram à Reuters que ao menos cinco reuniões ocorreram em abril, época em que o escândalo foi deflagrado. A demissão de três ministros relacionados a denúncias de corrupção – de Energia, do Interior e do Meio Ambiente – foram alvo das exigências norte-americanas. Os três foram destituídos pelo presidente em maio.
Um porta-voz do Departamento de Estado declarou que a renovação de mandato da CICIG era apoiada por Washington, mas a decisão cabia a Molina, e que as investigações e mudanças no país “refletem o desejo do povo guatemalteco em lideranças governamentais e instituições que de fato visam combater a corrupção”.
A embaixada norte-americana, a CICIG e o Departamento de Estado não quiseram comentar as informações de as mudanças políticas serem uma condição para a Aliança para a Prosperidade.
Em agosto, a CICIG e o procurador-geral do país acusaram o presidente de corrupção, o que levou Molina a renunciar em meio à pressão política e popular.