O Paraguai criticou energicamente a decisão dos presidentes da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) de manter a suspensão do país, em vigor desde a destituição do então presidente Fernando Lugo, em junho passado.
Em comunicado emitido nesta sexta-feira (30/11), tão logo terminou a sexta reunião de cúpula da Unasul, o Ministério de Relações Exteriores paraguaio classificou a decisão como uma “perseguição sistemática” do bloco regional e anunciou que iniciará uma campanha para torná-la pública, mobilizando todas as suas embaixadas.
Na véspera, os chanceleres do bloco regional ouviram o relato do coordenador do Grupo de Alto Nível da Unasul, o peruano Salomon Lerner Ghitis, que esteve no Paraguai na semana passada, para averiguar o andamento do processo eleitoral. Eles decidiram manter a suspensão do Paraguai até as eleições presidenciais (previstas para 21 de abril de 2013), que serão acompanhadas por uma missão da Unasul.
“Os chefes de Estado homologaram hoje [sexta-feira] a decisão dos chanceleres de estabelecer que a Unasul acompanhará este processo, para que haja uma plena reincorporação do Paraguai a partir de uma constatação de que foi reestabelecida a plena vigência da democracia no Paraguai”, disse em entrevista o chanceler Antonio Patriota, ao final da reunião de cúpula. Segundo ele, a situação do Paraguai será “reexaminada a partir das eleições”.
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O governo paraguaio reagiu à noticia apontando motivações políticas da Unasul para manter a suspensão. O comunicado oficial paraguaio critica a decisão, que, segundo a nota, já tinha sido tomada antes mesmo das reuniões de chanceleres e presidentes em Lima e citou declarações do assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência do Brasil, Marco Aurélio Garcia, feitas na quarta-feira (28/11), na Argentina.
“A decisão da Unasul não causou surpresa alguma ao governo do Paraguai, ainda mais porque foi anunciada previamente pelo assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência do Brasil, constituído em porta-voz ad hoc da Unasul, que declarou, antes de escutar o relato do coordenador de seu próprio Grupo de Alto Nível, que a Unasul não vai dar marcha atrás na suspensão”, diz o comunicado paraguaio.
Tanto o Mercosul quanto a Unasul suspenderam o Paraguai depois que o Congresso destituiu o então presidente Fernando Lugo, cujo mandato terminaria em abril do ano que vem. Apesar de o impeachment estar previsto na Constituição paraguaia e de a grande maioria dos parlamentares terem condenado Lugo por mau desempenho de suas funções, a velocidade do processo foi criticada pelos governos da região. Lugo teve apenas duas horas para se defender, antes de ser substituído por seu vice, Federico Franco.