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Aline Baker
Muro construído por Israel nos territórios palestinos ocupados (Cisjordânia e Jerusalém) separando-os do país
O Parlamento israelense rejeitou nesta quarta-feira (06/06) uma lei que prevê a legalização de cinco casas no assentamento de Ulpana Hill, na Cisjordânia. O projeto vetado era uma reação da extrema-direita contra uma decisão da Suprema Corte de Israel, que considerou a colônia ilegal e determinou sua demolição, por ter sido construída em uma propriedade privada palestina.
A lei foi rejeitada pelo Knesset com 69 votos contrários e 22 a favor. Descontentes com o resultado, centenas de manifestantes contestaram a decisão na frente do Congresso, bloqueando ruas próximas.
Escrito por políticos ultranacionalistas, a lei procurava impedir a aplicação da sentença da Corte israelense de demolir as cinco casas. Segundo o jornal israelense Haaretz, o projeto estabelece que construções realizadas com apoio do governo ou nas quais os proprietários acreditam, genuinamente, serem os donos podem se tornar legais mesmo que pertençam legalmente a palestinos.
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O primeiro ministro, Benjamin Netanyahu, se posicionou nesta quarta-feira contra a aprovação da lei e ameaçou destituir ministros ou vice-ministros que votassem a favor do projeto. “Realocar casas não é um passo que o governo está feliz em tomar”, disse ele, mas “a Corte determinou o remanejamento e nós respeitamos suas decisões”.
A votação da lei alimentou divergências no Parlamento israelense entre a extrema direita e os trabalhistas, que trocaram acusações. Zevelun Orlev, parlamentar do Partido Religioso Nacionalista (Hamafdal), criticou a atitude do primeiro ministro, acusando-o de ser um seguidor do Partido Trabalhista de Ehud Barak. “O povo de Israel não votou pelo esvaziamento dos assentamentos nem em Barak, o Estado de Israel está começando a pagar por sua aliança com o Kadima (centro-direita), afirmou Danny Danon, parlamentar do Likud, legenda de Netanyahu.
Já o congressista do Kadima, Yoel Hasson, afirmou que a decisão de Netanyahu foi um importante passo do governo em direção ao centro político, se distanciando da extrema direita israelense. O Partido Trabalhista também aprovou a atitude do primeiro-ministro.
[Mapa à direita mostra, em laranja, os assentamentos israelenses na Cisjordânia]
Expansão de assentamentos
Apesar das divergências sobre a aprovação desta lei, há um consenso entre a maior parte dos partidos do Parlamento em relação à continuidade da expansão dos assentamentos. A decisão de Netanyahu, portanto, não deve ser entendida como um passo em direção ao fim dos assentamentos.
Em declaração à imprensa, Netanyahu deixou claro que continua com o plano de expandir a colônia de Beit El, próxima do local onde estão as cinco casas que serão demolidas, ao anunciar o estabelecimento de mais 300 famílias no local. “Aqueles que acreditam utilizar o sistema legal para prejudicar os assentamentos estão enganados”, alertou às organizações israelenses de esquerda.
Segundo dados da ONG Palestine Monitor, os assentamentos e as estradas que os conectam entre si e a Israel ocupam 40% do território palestino e seu acesso é proibido a palestinos. “A finalização desse projeto (de assentamentos) fará do plano de criar um estado palestino totalmente irreal”, afirma a organização.