Atualizada às 11h41
O Parlamento Europeu aprovou, nesta terça-feira (28/06), uma resolução em que pede que o Reino Unido inicie “o mais rápido possível” seu desligamento da União Europeia.
Agência Efe
Líder do Ukip, Nigel Farage, durante reunião no Parlamento Europeu nesta terça-feira
O texto foi aprovado em uma sessão de emergência convocada pelo Parlamento e obteve 395 votos a favor, 200 contra e 71 abstenções.
A reunião extraordinária foi convocada para tratar da saída britânica do bloco europeu, aprovada pela maioria da população em um plebiscito realizado na última quinta-feira (23/06).
De acordo com a resolução dos eurodeputados, “a vontade expressa pela população precisa ser inteiramente e totalmente respeitada, começando com a ativação do Artigo 50”, em referência ao Tratado de Lisboa, que regula o desligamento de Estados-membros da União Europeia.
Uma vez que se invoque o Artigo 50, é estabelecido um prazo de até dois anos para que se alcance um acordo entre o país que está deixando a União Europeia e os demais.
O texto defende uma aceleração do processo “para evitar uma incerteza prejudicial para todo o mundo e para proteger a integridade da UE”.
Os eurodeputados pedem também que seja traçado “um roteiro” para a reforma da União Europeia baseada no Tratado de Lisboa, e que as mudanças sejam feitas com “uma revisão dos tratados”.
“O núcleo da UE deve se reforçar e é preciso evitar soluções sob demanda”, diz o texto aprovado pelo plenário.
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Na abertura da reunião, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, disse que a sessão desta terça foi a mais rápida já convocada, ao mesmo tempo em que lembrou que a decisão da população britânica em deixar o bloco era “sem predecentes”.
Tensão no plenário
O debate no Parlamento nesta terça foi marcado por tensão entre os eurodeputados e o principal dirigente do Ukip (Partido Independente do Reino Unido), Nigel Farage, uma das principais figuras da campanha pela “Brexit”.
No início dos trabalhos, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou que o governo britânico deveria “esclarecer sua posição” e respeitar a vontade da população, que escolheu a saída do bloco.
A declaração gerou a reação de Farage, que riu e aplaudiu de forma irônica os comentários de Juncker.
“Vocês estavam lutando pela saída, votaram a favor da saída – por que estão aqui”, respondeu Juncker, sob aplausos de outros parlamentares.
Farage, que foi vaiado quando tomou a palavra, agradeceu sarcasticamente a “calorosa recepção” e pediu um diálogo “maduro” para conseguir “um acordo sensato e sem tarifas”. Segundo ele, “sem acordo, a União Europeia perderá mais que o Reino Unido”.
“Quando vim aqui há 17 anos para liderar uma campanha com o objetivo de sair da UE, os senhores riram de mim (…) Agora não estão rindo, não é verdade?”, afirmou.
“A razão pela qual vocês estão desapontados e tão zangados está clara”, disse Farage. “Vocês, como um projeto político, estão em negação. Vocês estão em negação que sua moeda está caindo”, complementou.
Já o ex-primeiro ministro belga Guy Verhofstadt afirmou que Farage usou “propaganda nazista” na campanha pela “Brexit”, em alusão a um pôster com imagens de refugiados.
Verhofstadt condenou também o “egoísmo de um homem preparado para fazer tudo para se tornar o primeiro-ministro do Reino Unido”, no que seria uma crítica ao conservador Boris Johnson, ex-prefeito de Londres.
Na chegada a Bruxelas, onde participará de um encontro com líderes europeus, o primeiro-ministro britânico David Cameron disse desejar que o processo de saída do Reino Unido da União Europeia seja “construtivo'.
“O Reino Unidoi estará deixando a União Europeia, mas quero que o processo seja tão construtivo quanto possível, e espero que o resultado seja tão construtivo quanto possível”, declarou o líder. Na sexta-feira (24/06), ele anunciou sua intenção de deixar o cargo e deixar o processo de desligamento da UE para seu sucessor.