Mais de mil imigrantes africanos conseguiram nesta quarta-feira (28/05) passar pelas barreiras em cinco diferentes pontos na fronteira do enclave espanhol de Melila, no norte da África, anunciou o governo de Marrocos. Dentre essas pessoas, cerca de 500 foram detidas.
“Houve ondas de pessoas, foi difícil pará-las”, afirmou o prefeito de Melila, Juan José Imbroda, em entrevista citada pela Reuters a uma rádio espanhola. “A polícia marroquina colaborou bastante, mas a pressão foi grande, um pedaço da cerca exterior cedeu”, completou. Ao entrarem em Melila, muitos imigrantes beijaram o chão e se parabenizaram por conseguir entrar na Europa, segundo relato de um correspondente do Guardian.
Na empreitada, quatro oficiais das Forças de Segurança e 10 imigrantes ficaram feridos e estão sendo tratados em hospitais, de acordo com o Ministério do Interior marroquino. Segundo a Al Jazeera, depois de jogarem pedras e ignorarem os alertas de “pare” das autoridades, dezenas de imigrantes apanharam dos policiais nos dois lados da fronteira.
Como a notícia da propagação de passagem da fronteira, as autoridades em Melila expressaram preocupações sobre a superlotação nos centros de imigração. Um centro construído para alojar 500 pessoas atualmente está abrigando mais de 2.000, afirmou Imbroda.
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Os dois principais enclaves espanhóis no Norte da África – Melila e Ceuta – são regularmente alvo de grandes grupos de imigrantes africanos que vivem sem documentos em Marrocos e que tentam chegar à Europa em busca de uma vida melhor. Como a Espanha tem aumentado a segurança da área nos últimos tempos com investimento em patrulhas navais, os imigrantes têm evitado a habitual travessia pelo mar Mediterrâneo, buscando vias alternativas terrestres.
Na França, evacuação de imigrantes
Apesar das denúncias de organizações de direitos humanos, a Polícia de Choque francesa começou a evacuar nesta quarta-feira (28/05) três acampamentos que abrigam de 600 a 800 imigrantes na cidade portuária de Calais, localizada ao norte da França.
A medida foi anunciada por Denis Robin, prefeito para a região de Pas-de-Calais, que alega que os acampamentos improvisados colocavam problemas para a saúde pública e segurança da região. “Isso é triste, mas não muda nada”, disse Jalal, um jovem iraquiano à Al Jazeera. “Eu vou colocar a minha tenda em outro lugar e tentarei fazer a travessia de novo. Não vim até aqui para desistir agora”, acrescentou.
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“A situação em Calais está se deteriorando em um silêncio terrível. Apesar de termos advertido repetidamente aos poderes públicos a ameaça à saúde pública que esta situação está causando, não obtivemos uma resposta adequada”, escreveram em carta conjunta endereçada ao primeiro-ministro, Michel Valls, 10 grupos humanitários, incluindo Médecins du Monde (MDM) e o Secours Catholique.
Nos últimos anos, Calais se tornou zona de passagem de imigrantes que fogem da pobreza e de conflitos em países como o Afeganistão e o Iraque, muitos deles com a esperança de atravessar o canal para a Grã-Bretanha. Na cidade, o partido de extrema-direita, Frente Nacional (FN), conquistou expressivos 34% dos votos nas eleições europeias de domingo. Na semana passada, o fundador e ex-líder da FN, Jean-Marie le Pen, declarou que o Ebola – vírus que se tornou epidêmico na África – poderia ajudar a combater os “problemas” de imigração no continente europeu.
Olmo Calvo/Opera Mundi
“África explorada e europa fechada”: na França, autoridades alegam que imigrantes traziam problemas para a saúde pública e segurança