Uma pesquisa da Universidade de Leiden, na Holanda demonstrou que mulheres grávidas adquirem células de seus bebês a partir da sétima semana da gestação. Na maior parte dos casos analisados, essas células se incorporam ao corpo da mãe, onde permanecem por toda a vida.
O estudo, divulgado no mês passado, analisou diferentes tecidos de órgãos como coração, pulmões, rins, cérebro e outros em 26 mulheres diferentes que morreram durante o parto ou até um mês depois. Elas todas estavam grávidas de meninos. Apesar de serem pouco frequentes, as células fetais estavam em todos os tecidos analisados. Para os pesquisadores, é possível que este fenômeno seja universal.
Na década de 90, cientistas já haviam deduzido que as células dos bebês – tanto meninos quanto meninas – poderiam escapar do útero e entrar no organismo da mãe, ocorrência chamada de microquimerismo fetal, que também acontece em outras espécies de mamíferos, como cães, ratos e vacas. No entanto, esta nova pesquisa mostrou que as células não apenas circulam pelo corpo da mulher, como passam a formar parte dos tecidos dos órgãos.
Torster Mangner/Flickr/CC
Pesquisa demonstrou que todas as mulheres grávidas adquirem células de seus bebês
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As análises não permitiram concluir, contudo, se o microquimerismo é, senão saudável, indiferente para a saúde da mãe. Por um lado, foi encontrada a presença de várias células fetais em tumores, sugerindo que estas podem estar ligadas diretamente ao surgimento de câncer em alguns casos. Por outro, as substâncias químicas liberadas por elas poderiam contribuir para a saúde da mãe, auxiliando na cicatrização, por exemplo.
A pesquisa ainda indicou a possibilidade de que as células do bebê pudessem manipular as da mãe por meio das substâncias químicas que liberam. No caso, poderiam estimular o corpo da mãe a produzir mais leite ou gerar mais calor.
A partir desta descoberta, os cientistas pretendem realizar novas pesquisas na tentativa de identificar os efeitos do microquimerismo na saúde mental e no comportamento da mulher.