A polícia israelense expulsou nas primeiras horas deste domingo (13/01) um grupo de 250 ativistas na área denominada E1, próxima a Jerusalém Oriental, onde o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pretende construir um novo assentamento judaico que, segundo especialistas, inviabilizaria a formação de um território palestino, por in terromper a continuidade entre o norte e o sul da Cisjordânia.
As forças de segurança desmantelaram o acampamento Bab el Shams (Portal do Sol, em homenagem a um poema libanês), composto por cerca de 20 barracas entre Jerusalém e o assentamento de Ma'aleh Adumim. Um grupo ativista alega que seis pessoas ficaram feridas na operação, o que foi negado pela polícia israelense.
Agência Efe
Ativistas sendo cercado pela polícia israelense momentos antes da desocupação
A Corte Suprema de Israel havia decidido, na última sexta-feira, que o acampamento tinha seis dias para ser desmontado.
“Ontem à noite houve uma decisão do Tribunal Supremo que permitia a evacuação. Esta madrugada, por volta das 2h30 hora local, a Polícia de Fronteiras entrou na área”, disse à Agência Efe o porta-voz da Polícia israelense, Miki Rosenfeld.
Segundo a fonte, a evacuação, na qual os agentes “utilizaram a mínima força possível”, “aconteceu muito rapidamente, em menos de uma hora e nenhum oficial da Polícia ou manifestante ficou ferido”.
Em um primeiro momento, todos os acampados foram detidos, mas depois foram colocados em liberdade.
“É falso dizer que não houve feridos. Há seis feridos entre os acampados, entre eles vários que receberam murros na cara dos policiais”, disse à Efe Irene Nasser, uma das ativistas palestinas acampadas.
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O Comitê de Resistência Popular, que organizaram a atividade e montaram o acampamento, asseguram em comunicado que embora ele tenha sido desmantelado, a organização conseguiu “mostrar sua força, porque a polícia preciso de centenas e centenas de oficiais das forças especiais para expulsá-los”.
Na nota, a organização afirma que a Polícia também atacou jornalistas que estavam no lugar e que não permitiram gravar a evacuação, atos que consideram “ilegais, já que Bab el Shams estava estabelecido em terras privadas palestinas”.
O Comitê advoga pelo uso de meios pacíficos na luta palestina. Na sexta-feira (11), instalaram tendas no local durante a madrugada e anunciaram a criação de uma vila.
Colônia judaica impede construção de estado palestino
Em dezembro do ano passado, Israel anunciou a construção de 3 mil casas em áreas palestinas ocupadas na Cisjordânia e em Jerusalém oriental. A decisão foi uma resposta do governo à ação unilateral da ANP (Autoridade Nacional Palestina) de propor a elevação do status da Palestina na ONU.
Entre os pontos do plano, o de erguer novas habitações para judeus na área E1 foi o que causou mais polêmica. O terreno de 12 km² liga Jerusalém com o assentamento Ma’aleh Adumim, que conta com 34 mil habitantes. Caso seja implementado, as construções iriam interromper a continuidade territorial entre o norte e o sul da Cisjordânia, comprometendo o funcionamento de um futuro estado palestino.
O projeto contrariou compromissos assumidos pelo premiê Benjamin Netanyahu com a administração de Barack Obama em 2009 e atraiu a crítica da comunidade internacional, incluindo de seus aliados europeus.