Desacordos na base aliada, polêmicas no sistema de alistamento militar, postura perante o Irã e enfraquecimento das negociações de paz com palestinos podem antecipar em seis meses as eleições gerais de Israel e encerrar três anos de governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Correligionário do conservador Likud, o premiê teme um fracasso na votação do orçamento geral de Israel e não deseja convocar o pleito após a possível revogação de seu plano econômico. Por outro lado, sabe que se demorar muito para adiantar a data das eleições, corre o risco de ser deposto pelas outras siglas que compõem sua coalizão.
Segundo o jornal israelense Haaretz, já houve uma série de reuniões entre Netanyahu e seus assessores políticos. Dentro do gabinete, é consensual o posicionamento de que ele deve adiantar a data. “De qualquer forma, este governo não chegará ao final do ano”, declarou à publicação israelense uma alta fonte do Likud.
O orçamento de 2013, que segundo a lei israelense deve ser aprovado antes do próximo dia 31 de dezembro, se transformou em um grande empecilho. Partidos minoritários da coalizão governista querem mais verbas para seu eleitorado, algo que Netanyahu rejeita por medo de superar a previsão de déficit.
Agência Efe
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Serviço militar
Outro ponto de tensão dentro da base aliada de Netanyahu diz respeito às normas de alistamento militar em Israel. No último mês de fevereiro, a Suprema Corte revogou a polêmica Lei Tal, que cumpria uma tentativa do primeiro-ministro de universalizar o serviço militar e incluir no exército do país um contingente anual de 50 mil jovens judeus ultra-ortodoxos.
Partidos religiosos da coalizão do próprio Likud, como Shas e UTJ (União do Judaísmo da Torá na sigla em inglês), encabeçaram a oposição à resolução do primeiro-ministro. Contudo, em entrevista à Rádio de Israel, o ministro da Cultura, Limor Livnat, disse que “o premiê não vai ceder à extorsão e que, se várias facções possuírem várias demandas, então haverá eleições ainda este ano”.
Árabes israelenses, cerca de 20% da população do país, são isentos do alistamento militar, pois autoridades de segurança do país desconfiam da “lealdade” do grupo. Como forma de reverter esse benefício, Netanyahu anunciou neste domingo (29/04), durante um encontro com oficiais reservistas, que vai propor ao parlamento uma legislação que obriga esse setor a prestar compulsoriamente serviços comunitários.
“A Lei Tal será substituída por uma legislação mais igualitária e justa, e eu vou submetê-la ao parlamento”, prometeu na ocasião aos veteranos.
Guerra contra o Irã
Na última sexta-feira (27/04) Yuval Diskin, ex-chefe do serviço de segurança interna Shin-Bet, criticou Netanyahu e seu ministro da Defesa, Ehud Barak, alegando que os dois estavam “cegos por sentimentos messiânicos” e exageraram ao considerar o poder de combate de Israel.
“Eu não confio na atual liderança de Israel para nos conduzir a um evento de tamanha magnitude como uma guerra contra o Irã”, disse Diskin em um discurso que foi gravado em vídeo e publicado no site YouTube. “Eu pude observá-los de perto e receio que essas não são as pessoas que queremos no comando”, ressaltou.
O gabinete de Netanyahu classificou a opinião do ex-chefe de segurança como “irresponsáveis” e disse em uma nota que suas considerações são o reflexo de “uma pessoa frustrada”.
Netanyahu sempre se mostrou cético com relação à política de sanções que pretendem interromper o enriquecimento de urânio no Irã. Porém, sempre teve como resposta do presidente dos EUA, Barack Obama, que é preciso dar mais tempo para procedimentos diplomáticos antes do decreto de uma ação militar. Enquanto isso, sempre que questionado, o Irã afirma que seu programa nuclear tem apenas fins energéticos e pacíficos.