O primeiro-ministro grego, o socialista Giorgos Papandreou, anunciou nesta quarta-feira (15/06) que remodelará seu governo e irá se submeter a um voto de confiança do Parlamento, após as negociações com a oposição conservadora para formar um governo de coalizão terem fracassado. Segundo fontes do próprio Executivo,o premiê teria colocado seu cargo à disposição em troca de um substituto que fosse um nome de consenso.
“Vou seguir pelo mesmo caminho. O caminho do dever, junto com o grupo parlamentar e o governo”, afirmou o primeiro-ministro sobre sua determinação em aplicar as medidas de austeridade, em mensagem divulgada pelo canal de televisão estatal grego.
A decisão de Papandreou acontece em meio à grave crise pela qual a Grécia atravessa, à espera que os países da zona do euro cheguem a um acordo sobre sua dívida.
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Em um dia no qual o centro de Atenas voltou a ser cenário de confrontos entre as forces de segurança e grupos radicais, a terceira greve geral do ano paralisou o país e reuniu dezenas de milhares de pessoas em uma manifestação pacífica em Atenas. Em seguida, no entanto, ela desembocou em um violento choque entre grupos radicais e policiais, que terminou com dezenas de feridos e detidos.
A especualção de que o primeiro-ministro grego, que conta com a maioria no Parlamento, se demitiria fez com que o euro retrocedesse para abaixo de 1,42 dólares. A Bolsa de Atenas chegou a cair mais de 3%, para fechar com perdas de 1,88% com relação ao dia anterior.
Acordo
Em inúmeros telefonemas, Papandreou sondou a disponibilidade dos líderes da oposição de integrar um governo de união nacional, a fim de garantir seu apoio ao novo e rigoroso programa de austeridade e privatizações que o país deverá promover para receber empréstimos da União Europeia e do FMI (Fundo Monetário Internacional).
“Hoje, voltei a apresentar novas propostas aos líderes de todos os partidos para conseguir o consenso necessário”, disse Papandreou em sua mensagem.
O primeiro-ministro acusou a oposição majoritária conservadora da ND (Nova Democracia) de utilizar politicamente as impopulares medidas de austeridade, propondo “condições que não são aceitáveis já que mantêm o país em contínua instabilidade”.
A exigência de unidade e consenso para aplicar os rigorosos cortes sociais foi feita pelos credores da Grécia, embora os próprios membros do Eurogrupo não tenham conseguido entrar em um acordo sobre a melhor forma de ajudar Atenas para evitar a quebra.
O ND condicionou o apoio a um governo de união nacional à renegociação do acordo assinado há um ano com a UE (União Europeia) e o FMI, por meio do qual a Grécia conseguiu um resgate trienal de 110 bilhões de euros.
A oposição conservadora também colocou como condição que se renegocie o novo pacote de austeridade para 2012-2015, com o qual Papandreou pretende reduzir o atual déficit de 9,5% do PIB (Produto Interno Bruto) para 7,5% ainda neste ano e para menos de 3% em 2014.
O primeiro-ministro se reuniu nesta quarta-feira com o presidente grego, Karolos Papoulias, para transmitir a ele a necessidade de que “todos assumam suas responsabilidades” e afirmou que avançará “até sozinho” para aprovar as novas medidas.
Papandreou conta com 155 das 300 cadeiras do Parlamento, depois da saída de um de seus deputados por divergências com as políticas de ajuste, e é necessário uma maioria de 151 para aprovar as novas medidas, no valor de 78 bilhões de euros.
Além das deserções em suas próprias fileiras, a pressão social contra as medidas aumenta a cada dia.
Dezenas de milhares de trabalhadores e “indignados” tentaram nesta quarta-feira impedir a entrada dos congressistas no Parlamento, onde começou a tramitar o novo plano de ajuste orçamentário que prevê mais cortes, aumento de impostos e privatizações.
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