O primeiro-ministro demissionário de Portugal, José Sócrates, afirmou nesta terça-feira (29/03) que não vai pedir o resgate de seu país apesar do agravamento das condições financeiras, e chamou a oposição de “irresponsável” por causar a atual crise política.
O premiê fez uma breve declaração aos jornalistas na qual ressaltou que “o governo não tem nenhuma intenção” de recorrer à ajuda externa e que já tinha advertido das graves consequências que teria para Portugal a rejeição de seu último plano de ajuste econômico no parlamento.
Após o país sofrer nesta terça-feira o segundo rebaixamento de solvência financeira desde a renúncia de Sócrates, na semana passada, e uma nova alta dos juros do refinanciamento de sua dívida para o histórico valor de 8%, o primeiro-ministro interino ressaltou que a situação é “ainda pior”.
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Sócrates, cuja renúncia ainda não foi formalmente aceita pelo chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, acusou a oposição de abrir, por “avareza”, uma “crise política sem razão e sem alternativa” que colocou em perigo não só Portugal, mas seus parceiros da zona do euro.
O primeiro-ministro interino pediu, em referência à oposição liderada pelo PSD (Partido Social Democrata) que forçou sua queda, que não “esconda para depois das eleições” as propostas para superar a crise portuguesa e acabar com a inquietação gerada nos mercados pela rejeição do programa do governo.
“Têm que mostrar lealdade ao povo português e à Europa”, exigiu Sócrates ao censurar a oposição que rejeitou seu plano de austeridade por não esclarecer como espera cumprir as exigências de Bruxelas e dos mercados.
É preciso reforçar a confiança dos mercados em Portugal e eles “querem um compromisso sobre as medidas que serão adotadas”, ressaltou Sócrates.
O principal partido da oposição, o Social Democrata, ao qual as enquetes dão uma ampla vantagem eleitoral pelo desgaste socialista, optou por não se abster na votação de semana passada no parlamento, ao contrário do que fez com os três planos de ajuste anteriores, e tombou o programa do Partido Socialista com ajuda do bloco de esquerda.
Sócrates, após alegar que não podia cumprir os compromissos do país sem essas medidas, apresentou renúncia.
A Standard and Poor's, que na quinta-feira passada cortou em dois níveis a nota de Portugal, voltou a diminuir sua qualificação, para “BBB-“.
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