O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, prometeu nesta segunda-feira (15/10) manter o rumo da austeridade fiscal no governo, apesar dos protestos que minaram a popularidade de seu partido, o conservador PSD (Partido Social Democrata). As informações são da agência de notícias Reuters.
No fim de semana, milhares de sindicalistas se reuniram contra as medidas, em meio à eleição regional nos Açores, que contou com vitória majoritária do Partido Socialista, principal legenda de oposição ao PSD.
Ele disse que não vai abandonar uma estratégia considerada exemplar por credores europeus que, em suas palavras, “salvaram Portugal com um pacote de resgate financeiro no ano passado”.
Agência Efe
“Nos maus momentos por que o PSD (partido do governo) passa em termos nacionais, fica a certeza de que não comprometemos o país e a estratégia nacional com os resultados das eleições regionais”, disse o premiê depois da derrota do partido nas eleições de domingo nos Açores.
As declarações acontecem no mesmo dia em que será apresentado o novo orçamento, que incluirá as medidas mais duras adotadas desde o aporte de 78 bilhões de euros (203 bilhões de reais), oferecido pela União Europeia e o FMI (Fundo Monetário Internacional) no ano passado.
Dentre elas, estão incluídos fortes aumentos tributários, incluindo uma alta de 30% na alíquota do imposto de renda, para enfrentar a pior recessão que o país passa desde a década de 1970.
As subidas de impostos podem equivaler a até dois ou três salários anuais para trabalhadores de classe média e foram chamados de “enormes” pelo ministro das Finanças, Vitor Gaspar.
Críticas
Alguns economistas argumentam que as medidas podem levar a uma recessão maior, a exemplo do ocorrido com a Grécia.
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O governo diz que seguir a disciplina fiscal exigida pela UE será o melhor a longo prazo para Portugal, mas no mês passado cancelou um aumento nas contribuições previdenciárias por pressão da oposição e após protestos.
Mesmo o presidente conservador do país, Aníbal Cavaco Silva, criticou as medidas orçamentárias. “Nas atuais circunstâncias, não é correto exigir de um país submetido a um processo de ajuste fiscal que cumpra suas metas a qualquer custo”.
Agência Efe
Antes de setembro, Portugal demonstrava um grau relativamente elevado de consenso e apoio aos cortes de gastos públicos e ao resgate financeiro solicitado em 2011. Mas esse apoio tem se desgastado, e os socialistas agora ameaçam votar contra o orçamento no Parlamento, o que deve ocorrer no fim do mês.
Os protestos agora se tornaram frequentes, mas tendem a ser pacíficos. Uma greve geral foi convocada para 14 de novembro.