Agência Efe (01/10/12)
Há mais de dez anos no poder, o presidente da Geórgia, Mikail Saakashvili votou nas eleições legislativas
O presidente da Geórgia, Mikail Saakashvili, admitiu nesta terça-feira (02/10) que o seu partido perdeu as eleições parlamentares no país em um pronunciamento na televisão, informaram a rede britânica BBC e a Agência Efe.
“A democracia funciona e o povo da Geórgia decidiu e isso, nós respeitamos profundamente”, disse ele se referindo às críticas de que o governo do país não seria democrático. Saakashvili, do MNU (Movimento Nacional Unido), está no poder há nove anos e deve permanecer no posto até as próximas eleições em 2013.
As eleições legislativas são cruciais para o futuro do país, que se transformará em 2014 em uma república parlamentar, na qual o homem forte já não será o presidente, mas o primeiro-ministro, eleito pela maioria parlamentar e será responsável por designar a política interna e externa.
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Segundo Saakashvili, o MNU vai se tornar “uma força de oposição” e vai “lutar pelo futuro do país” a partir de agora. “Está claro pelos resultados preliminares que a oposição venceu e deve formar o governo – e como presidente, eu os ajudarei”, acrescentou ele citado pela BBC.
Boca de urna
A coligação Sonho Georgiano, liderada pelo empresário Bidzina Ivanishvili, é apontada pelas pesquisas de boca de urna como a virtual vencedora da eleição legislativa, realizada nesta segunda-feira (01/10) em todo o país.
De acordo com o último levantamento, divulgado pelas redes Rustavi 2 e Imedi TV, a coligação de Ivanishvili teria 51% dos votos contra 41% do Movimento de Unidade Nacional, liderado pelo chefe de Estado.
Já a ONG Liga dos Eleitores da Geórgia, em parceria com a companhia norte-americana Barselo, apresentou um resultado ainda mais elástico: a oposição teria obtido 70% dos votos, contra 24% dos governistas.
Segundo outra pesquisa realizada pelo canal de televisão Maestro, ligado à oposição, a coalizão “Sonho Georgiano” somaria 63% dos votos, contra 27% do partido atualmente no poder.
Logo após a divulgação dos dados das primeiras pesquisas, milhares de pessoas saíram às ruas de Tbilisi para comemorar a vitória da oposição, que tinha denunciado tentativas das autoridades de falsificar os resultados.
Empresário bilionário
“Vim para restaurar a justiça na Geórgia”, afirmou nesta segunda (01/10) Bidzina Ivanishvili, multimilionário tido como aliado geopolítico da Rússia e cuja fortuna é superior à metade do PIB da Geórgia. Vive num palácio no topo da capital Tbilisi, onde, entre outros hobbies, gosta de alimentar pinguins de estimação. “Quero felicitar a todos os integrantes da nossa coalizão. Agora é preciso manter a calma e esperar que se formalize oficialmente a nossa vitória”, disse o líder opositor.
O empresário garantiu à comunidade internacional nesta semana que a oposição não vai protagonizar um enfrentamento civil contra as autoridades, mas alertou sobre a possibilidade de provocações por parte dos partidários do presidente.
Já Ivanishvili conseguiu triunfar onde muitos outros fracassaram: agrupar a oposição com o único objetivo tirar Saakashvili do poder, o responsável pela queda do ex-presidente Eduard Shevardnadze na Revolução Rosa de 2003.
Ivanishvili, a quem Saakashvili acusa de defensor dos interesses da Rússia, garantiu que, caso seja nomeado primeiro-ministro, manteria o rumo da integração na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), apesar de também tentar melhorar as relações com Moscou, rompidas desde 2008 após a guerra separatista na Ossétia do Sul.