As forças políticas que tomaram o poder em Honduras por meio de um golpe de Estado não têm legitimidade para convocar eleições antecipadas, segundo o presidente deposto Manuel Zelaya.
Ele esteve hoje (7) em Washington com a secretária de Estado Hillary Clinton,
no encontro de mais alto nível já mantido entre ele e uma autoridade
norte-americana. Os dois acertaram que Oscar Arias, presidente da Costa
Rica e ganhador do prêmio Nobel da Paz em 1987, vai mediar negociações
entre Zelaya e Roberto Micheletti, que assumiu o poder após o golpe. Arias teria aceitado.
Zelaya se disse a favor de antecipar as eleições, marcadas para 29 de novembro. Mas declarou que apenas um governo legítimo poderia fazê-lo. A idéia de convocar eleições antes do previsto foi defendida há quatro dias por Micheletti.
“Se quiserem fazer [as eleições] amanhã, podem fazê-las. Não tenho nenhuma objeção para o sistema eleitoral, mas um governo de fato usando a força não legitima um processo eleitoral, só o desfigura”, declarou o presidente deposto há nove dias. “O único governo que pode legitimar eleições é o governo eleito pela vontade do povo”.
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Ao propor a mudança, Micheletti garantiu que havendo um “acordo político”, a antecipação das eleições “não representará qualquer inconveniente, sempre e quando for para o bem do povo hondurenho”.
Depois de reunir-se com Hillary, Zelaya anunciou que viaja amanhã para a Costa Rica, onde deve conversar com Micheletti sob mediação de Oscar Arias.
O nome de Arias já havia sido sugerido por Hillary, que o considera uma “pessoa natural” para assumir esse papel. Ele trabalhou como mediador na guerra civil em El Salvador na década de 80, que deixou entre 60 mil e 80 mil mortos, além de 9 mil desaparecidos. O próprio Micheletti havia feito a mesma sugestão.
Obama
Em visita à Rússia, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, manifestou apoio a Zelaya. ”Não fazemos isso porque concordamos com ele. Fazemos porque respeitamos o princípio universal de que o povo deve eleger seus próprios líderes”.
Os Estados Unidos condenaram o golpe de Estado e apoiaram a suspensão do país da OEA (Organização dos Estados Americanos), mas não cancelaram a ajuda financeira nem retiraram o embaixador de Tegucigalpa.
Assassinatos
A Missão pela Democracia e os Direitos Humanos Guatemala-Honduras denunciou hoje (7) a morte de três manifestantes contrários a Micheletti, segundo o Adital. As informações tiveram por base mais de 200 entrevistas realizadas pela missão, liderada pela ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Rigoberta Menchú.
Além de vários manifestantes feridos, o jornalista Gabriel Pino Noriega, um menor de idade e outro manifestante teriam sido assassinados pelas Forças Armadas. Nota divulgada diz que, “segundo repórteres”, há vários feridos, “já que as forças de segurança continuaram disparando e perseguindo os manifestantes por várias ruas próximas ao aeroporto”. Afirma também que várias crianças se viram separadas de seus pais durante a repressão militar.
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