O presidente da região autônoma do Curdistão iraquiano, Massoud Barzani, anunciou neste domingo que não estenderá o seu mandato, que se prolonga desde 2005, segundo informou um responsável do seu partido em meio à crise com as autoridades de Bagdá.
O anúncio de Barzani, que não implica em sua renúncia automática ao cargo, foi feito pelo líder curdo em uma carta ao Parlamento regional, cujo conteúdo seria lido em uma sessão a portas fechadas, segundo disse a jornalistas um responsável do Partido Democrático do Curdistão (KDP), Omid Joshnau.
Barzani dissolveu neste domingo (29/10) os seus poderes como presidente, distribuindo-os entre o primeiro-ministro, o Parlamento e o judiciário, informou uma fonte oficial curda à agência de notícias Associated Press, até que se realizem novas eleições, que estão previstas para o próximo mês de julho, segundo informações da câmara.
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O presidente do Curdistão iraquiano, de 71 anos, ganhou as eleições em 2005 e 2009, e desde 2013 estendeu seu mandato por decisão do parlamento curdo sem a necessidade de comparecer às urnas.
Estava prevista a realização de eleições regionais, parlamentares e presidenciais no próximo dia 1º de novembro mas, pela falta de candidatos, a autoridade eleitoral as adiou para julho.
O anúncio de Barzani coincide com as negociações entre as autoridades curdas e o governo iraquiano para pôr fim à ofensiva militar iniciada por Bagdá em represália ao referendo de independência realizado no Curdistãono último dia 25 de setembro.
O referendo teve uma participação de 72% dos eleitores e 92% dos votos registrados foram favoráveis à secessão, segundo os dados divulgados pelo governo curdo.
O governo iraquiano respondeu ao referendo de independência, considerado ilegal por Bagdá, com uma série de represálias econômicas e com uma campanha militar para tomar o controle de uma série de territórios que estão sob o controle do exército curdo desde 2014, entre eles a região petrolífera de Kirkuk.
Ambas partes estabeleceram na sexta-feira (27/10) um cessar-fogo de 24 horas para permitir as negociações e desde então não se registraram novas hostilidades.
Em discurso televisionado, Barzani atacou o governo central do Iraque e o acusou de usar o referendo de independência como “pretexto” para agir contra os curdos. Ele assegurou que a operação militar lançada pelas forças iraquianas em meados de outubro nos territórios disputados entre os governos central e curdo já estava “planejada” e teria acontecido mesmo sem a realização da consulta de autodeterminação de 25 de setembro.