Depois da morte de pelo menos 30 pessoas em confrontos ocorridos nesta sexta-feira (05/07), o presidente interino do Egito, Adly Mansur, se reuniu hoje (06) com o ministro da Defesa e chefe das Forças Armadas, general Abdel Fatah al-Sisi, e com o ministro do Interior, Mohammed Ibrahim, segundo a agência de notícias estatal Mena.
O objetivo da reunião foi analisar a situação do país, que atravessa uma violenta crise política. Apenas nos confrontos entre partidários e opositores de Mursi que ocorreram ontem, além dos mortos, cerca de mil pessoas ficaram feridas.
O presidente também se encontrou, separadamente, com o representante da Frente 30 de Junho, o prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, o islamita moderado Abdel Moneim Abul Futuh e o secretário-geral do partido salafista Al Nour, Galal Morra.
Hoje, o Al Nour emitiu um comunicado oficial recusando algumas das decisões das novas autoridades egípcias, criticando que Mansur tenha começado a emitir declarações constitucionais “sem efetuar consultas com a sociedade e os partidos”. De acordo com o partido salafista, as autoridades estão “apoiando uma corrente sem levar em conta a outra”, diante do suposto favor que as Forças Armadas estão fazendo aos não islamitas.
O novo chefe de Estado se reuniu, além disso, com três membros da campanha “Tamarrud” (Rebelião), movimento que iniciou os grandes protestos do último dia 30 contra Mursi.
As reuniões ocorrem no mesmo dia em que o procurador-geral egípcio, Mahmoud Abdelmeguid, ordenou a detenção preventiva por 15 dias de três dirigentes da Irmandade Muçulmana: Helmi al Gazar, Mohammed al Omda, que é ex-deputado, e Abdel Menem Abdel Maqsud, advogado do grupo.
Agência Efe
Manifestantes pró-Mursi param os protestos para rezar no Cairo. Confrontos de ontem deixaram 30 mortos
As acusações pelas quais a detenção foi ordenada são instigação ao uso de armas, ações de vandalismo, resistência às autoridades e assassinato de manifestantes nos arredores da Universidade do Cairo.
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A procuradoria interrogou os três acusados na prisão de Tora, no sul da capital egípcia, onde também estão presos ex-ocupantes de altos cargos do antigo regime de Mubarak.
Tensão nas ruas
Após uma noite de confrontos entre partidários e opositores de Mursi, o Egito amanheceu hoje em estado de tensão e expectativa.
Grupos conservadores liderados pela Irmandade Muçulmana voltaram às ruas na manhã deste sábado, renovando os temores de mais violência. Eles pedem que Mursi volte ao poder e clamam que não pararão de se manifestar enquanto seu governo não for restaurado. A Al Jazeera reporta que homens armados mataram um padre da Igreja Copta na região do Sinai do Norte, no que pode ter sido o primeiro ataque sectário desde o golpe da quarta-feira (03).
“As massas vão continuar seus protestos civilizados no Cairo até que o golpe militar seja revertido e o presidente legítimo, restituído”, dizia um comunicado da Irmandade Muçulmana liberado na manhã deste sábado.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ontem que haja um “diálogo pacífico e democrático no Egito” e se comprometeu a fomentar “uma forte colaboração” entre o Egito e a ONU “para apoiar uma transição pacífica rumo a um governo representativo e democrático”.