O embaixador boliviano para a ONU, Sacha Llorenti, informou nesta sexta-feira (05/07) que mais de 100 países membros da organização condenarão o ataque de países europeus ao presidente da Bolívia, Evo Morales, que foi forçado a fazer uma escala de 13 horas na Áustria depois que França, Itália, Espanha e Portugal não permitiram que seu avião sobrevoasse seus espaços aéreos na última terça-feira (02).
“Temos certeza de que, se fosse o avião de Barack Obama, provavelmente o secretário-geral [da ONU] teria feito algo pessoalmente, mas não foi esse o caso”, disse Llorenti. Ele também assegurou que a Bolívia fez uma reclamação formal nesse sentido, porque “no quadro das Nações Unidas, todos os países, por menores que sejam, têm direitos iguais”.
Llorenti assegurou que a proibição ao avião de Morales, onde se suspeitava que estivesse o ex-consultor da CIA Edward Snowden, que vazou informações sobre o programa de espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA), violou o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. Esse pacto garante, entre outros, o direito à vida e à segurança.
Agência Efe
O presidente boliviano Evo Morales discursa durante ato que precedeu reunião da Unasul em Cochabamba no dia 04
Para o diplomata boliviano, violaram-se ainda a Convenção de Viena sobre Imunidade Diplomática, que fala da inviolabilidade do avião presidencial, e a Convenção de Nova York, que qualifica os chefes de Estado como pessoas que devem ser protegidas internacionalmente, entre outras normas.
NULL
NULL
Também ontem, uma dezena de deputados europeus expressou sua solidariedade a Evo Morales através de um comunicado e também exigiram que a Alta Representante da União Europeia para a Política Exterior, Catherine Ashton, ofereça um pedido de desculpas ao presidente da Bolívia.
A Unasul, integrada por Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Chile, Uruguai, Venezuela, Guiana, Suriname, Peru e Paraguai, também já exigiu desculpas públicas de Espanha, França, Itália e Portugal pelo incidente. Os embaixadores da organização pediram que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se encontre com Llorenti, que já teve uma reunião com o subsecretário-geral do órgão, Jan Eliasson, na última quarta-feira (03).