O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, não tem intenção de cortar as relações com Washington, disse nesta sexta-feira (21/10) o porta-voz do líder, Ernesto Abella, em comunicado. Na quinta-feira (20/10), o mandatário havia falado em procurar uma “separação” econômica e militar com os EUA.
Abella afirmou que Duterte apenas explicava com suas palavras o objetivo de conseguir uma política externa independente.
“É a reafirmação de sua posição no que diz respeito à política externa independente disposta na Constituição das Filipinas que repetiu em seus discursos nacionais, afirmando o imperativo de separar a nação da dependência dos EUA e Ocidente e reequilibrar as relações com nosso vizinhos”, aponta o escrito oficial.
Agência Efe
Na China, Duterte havia dito que pretendia romper relações econômicas com os EUA
Durante um fórum de negócios chinês-filipino, realizado nesta quinta (20/10) em Pequim, o presidente filipino anunciou a “separação” econômica e militar de seu principal aliado, Estados Unidos. Na ocasião, o mandatário ainda afirmou que os EUA já não podem mais serem vistos como o país “mais poderoso do mundo” por “dever muitos empréstimos” à China.
As palavras de Duterte, que não deu mais detalhes a respeito, puseram uma nova brecha nas relações entre ambos países, que começaram a esfriar desde a posse dele, em junho.
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“Isto não tem como intenção romper nossos tratados e acordos com os aliados, mas é uma afirmação de que somos uma nação independente e soberana para encontrar um terreno comum com nossos vizinhos amigos”, reiterou Abella.
Visita de oficial dos EUA
Está previsto que, neste sábado (22/10) chegue a Manila o encarregado do Departamento de Estado para a Ásia Oriental e o Pacífico dos EUA, Daniel Russel, em uma visita programada há meses.
Russel aproveitará a visita para falar sobre o assunto com responsáveis do governo de Duterte e pedir uma explicação sobre “o que quer dizer exatamente” o anúncio do presidente, segundo John Kirby, porta-voz do Departamento de Estado.
Em declaração enviada à agência Efe, uma fonte da Casa Branca disse, sob anonimato, que o governo americano ainda não recebeu nenhuma solicitação “através dos canais oficiais” para mudar a assistência ou cooperação com as Filipinas.
Duterte também já anunciou que quer pôr fim aos exercícios militares que ambos países realizam de forma regular desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2011.
Rusgas
No início deste mês, o chefe de Estado mandou seu homólogo norte-americano, Barack Obama, “ao inferno” e a União Europeia (UE) “ao inferno” pelas críticas a sua campanha contra as drogas, que resultou na morte de mais de 3.500 pessoas.
Além disso, Duterte ainda ameaçou descumprir os acordos assinados com Washington em abril de 2014 e que possibilitam uma maior presença militar norte-americana perto do mar da China Meridional, zona que Pequim disputa com vários países, incluindo as Filipinas.
O líder filipino chegou inclusive a chamar Obama de “filho da puta”, o que motivou o cancelamento da reunião bilateral que ambos iam ter em setembro, no Laos.
(*) Com Efe