Atualizada às 16h51
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anunciou nesta segunda-feira (24/03) por meio de sua conta no Twitter que a reunião do G8 não ocorrerá na cidade russa de Socchi, como estava previsto, “depois das ações da Rússia na Ucrânia”. A Rússia é a atual presidente do grupo, que reúne ainda Estados Unidos, Grã-Bretanha, Itália, Japão, Canadá, Alemanha e França.
Em vez disso, os chefes de Estado e de governo do G7 se reunirão em Bruxelas no mês de junho, segundo anunciou o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, no Twitter.
Mais cedo, na Holanda, Cameron já havia dito que estava “absolutamente claro” que não haveria reunião na Rússia. “Temos que ser claros, não haverá de nenhum jeito uma reunião do G8 na Rússia”, afirmou.
There will be no G8 summit in Sochi this year after Russia's actions in #Ukraine.
— David Cameron (@David_Cameron) 24 março 2014
Ele acrescentou que as sete outras nações que compõem o grupo se reunirão nesta noite “para determinar os próximos passos”. No entanto, Cameron apontou que “francamente, é a Rússia quem tem que mudar sua posição”.
O governo russo, entretanto, não demonstrou preocupação em não participar da reunião do G8, uma vez que todos os grandes problemas mundiais podem ser discutidos em outros fóruns, segundo o ministro de Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
Ministério de Relações Exteriores da Alemanha
Líderes do G7 se reúnem. Próxima reunião oficial deve ocorrer em junho, em Bruxelas
“O G8 é um grupo informal, ninguém distribui cartões de sócio e ninguém pode expulsar membros”, afirmou, em coletiva de imprensa. “Se nossos parceiros do Ocidente acreditam que esse modelo está esgotado, tudo bem. Não estamos apegados a ele”. De acordo com ele, muitos assuntos são agora discutidos no G20.
O anúncio de que a reunião de Socchi havia sido cancelada veio depois que tropas russas tomaram controle da última grande base militar ucraniana na Crimeia, região que foi formalmente anexada pela Rússia na última sexta-feira (21).
NULL
NULL
Além disso, a Rússia, que já havia imposto sanções a autoridades norte-americanas, anunciou também punições a 13 autoridades canadenses, incluindo o presidente do UCC (Congresso Ucraniano Canadense), Paul Grod. Em comunicado, o Ministério de Relações Exteriores russo classificou as sanções como “uma resposta às ações inaceitáveis do lado canadense”.
Cameron já havia sugerido uma cisão no G8, ao falar abertamente em discutir a expulsão da Rússia do grupo, “permanentemente ou não”. Segundo ele, a comunidade internacional pode “pagar um preço muito alto” se não se posicionar firmemente contra a anexação da Crimeia.
O governo russo, entretanto, busca acelerar o processo de integração da região, cumprindo ordens do primeiro-ministro, Dmitri Medvedev. Hoje, o rublo foi instituído como moeda de troca e os cidadãos da Crimeia devem obter logo a cidadania russa. O SFI (Serviço Federal de Imigração da Rússia) estima que, nos próximos três meses, os dois milhões de crimeanos já terão recebido passaportes russos.
Medvedev acrescentou que a Rússia cogita conceder à Crimeia o status de Zona Econômica Especial a fim de acelerar seu crescimento e incentivar os investimentos. A região também deve ser logo conectada à rede elétrica russa.