Depois de ter afirmado que há “terroristas” entre os manifestantes e que os protestos contra o governo devem se encerrar “imediatamente”, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, voltou atrás e garantiu nesta sexta-feira (07/06) que não há problema nenhum com “reivindicações democráticas” e que se opõe ao uso de violência.
Em uma conferência transmitida hoje pela televisão, Erdogan afirmou que é contra “terrorismo, violência e vandalismo” e que há “uma enorme desinformação” sobre o projeto de urbanização do parque Gezi, em Istambul, que iniciou os protestos pelo país.
“Mostramos para o povo o projeto antes das eleições. Ninguém o questionou e as pessoas nos elegeram para realizar esses projetos”, disse. Ele também incitou pessoas com consciência ambiental a se juntar a ele. “Eu sei o que ambientalismo significa. Ser ambientalista não é vandalismo. Ser ambientalista não é matar pessoas”, afirmou.
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Durante o pronunciamento, que contou com a presença do comissário de Ampliação da União Europeia, Stefan Füle, Erdogan criticou a imprensa estrangeira por não divulgar corretamente o que está acontecendo em seu país.
“Reivindicamos que a imprensa e os meios estrangeiros não olhem de forma ideologizada para a Turquia. Sabemos quem são aqueles que estão por trás dessas informações nos meios estrangeiros”, declarou, sem concluir as críticas.
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Antes disso, Füle havia dito que abusos policiais e o uso excessivo de força “não têm lugar” em uma democracia, referindo-se aos milhares de feridos durante os confrontos entre agentes do governo e manifestantes.
O comissário da União Europeia também exigiu que a Turquia cumpra com os “máximos padrões democráticos” e investigue e puna os responsáveis por esses abusos. O premiê rebateu afirmando que nunca antes o país esteve tão próximo dos padrões da UE em relação a direitos humanos.
Erdogan comparou ainda os protestos turcos com o movimento Occupy Wall Street, ocorridos nos EUA em 2011, e afirmou que “protestos similares foram realizados no Reino Unido, na França, na Alemanha e na Grécia”. Ele frisou que são todos países da União Europeia.
Não há consenso sobre o número total de vítimas desde o início das manifestações: o Colégio de Médicos da Turquia divulgou hoje que a quantidade de feridos chega a 4177 pessoas, mas o governo afirma que são 300, na maioria policiais.