Uma manifestação nesta quinta-feira (14/10) que cobrava mudanças no inquérito que investiga a explosão no porto de Beirute no ano passado terminou com mortes e feridos na capital do Líbano. Segundo a emissora Al Jazeera, ao menos seis pessoas morreram e 30 ficaram feridas.
O protesto foi liderado pelo partido islâmico Amal e pelo movimento Hezbollah. O confronto ocorreu quando o Exército entrou em ação para impedir que os manifestantes alcançassem o Palácio da Justiça.
Segundo o Exército libanês, os militantes do Amal estavam com fuzis e armas automáticas e faziam uma série de disparos para o ar. De acordo com o jornal britânico The Guardian, não está claro quem começou os disparos.
Os manifestantes, liderados pelo presidente do Parlamento, Nabih Berri, foram às ruas protestar contra o juiz Tareq Bittar, que lidera o processo sobre a explosão no porto, ocorrida em 4 de agosto de 2020, e que matou mais de 220 pessoas e feriu outras seis mil.
Na terça-feira (12/10), a Justiça determinou a prisão do deputado Ali Hassan Khalil, que pertence ao Amal e que era ministro das Finanças do Líbano à época da explosão. Para os membros da sigla, o juiz Tareq Bittar quer “politizar” o processo e dois ministros atuais entraram com uma ação contra o magistrado, suspendendo o inquérito.
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Partido Amal e movimento Hezbollah foram às ruas para exigir mudanças na investigação sobre explosão em Beirute
Toda a ação desta quinta ameaça implodir o recém-formado governo libanês. Em 21 de setembro, o Parlamento deu seu voto de confiança ao novo premiê Najib Mikati e colocou fim aos 13 meses de instabilidade política.
Desde a explosão, o presidente Michel Aoun tentou indicar outros dois nomes para a função, mas todos fracassaram. À época, o então primeiro-ministro Hassan Diab renunciou, juntamente com todos os ministros. Para seu lugar, foram indicados Mustapha Adib – que ficou menos de um mês na tentativa de formação de governo – e Saad Hariri – que ficou pouco menos de um ano.
O Líbano possui uma estrutura de poder que, para além das desavenças políticas e partidárias, ainda precisa ser dividida entre cristãos e muçulmanos sunitas e xiitas. Por exemplo, o presidente sempre deve ser um cristão maronita, o premiê um sunita e o chefe do Parlamento um xiita. Parlamentares e ministros devem ser divididos igualmente em 50% entre as duas vertentes religiosas.
*Com Ansa