Atualizado às 17h40
“Racismo e perseguições não são liberdades de expressão”, declarou o coletivo Judeus Pela Democracia nesta terça-feira (08/02) em repúdio às declarações antissemitas feitas por Bruno Aiub, conhecido como Monark, apresentador do Flow Podcast.
Em uma transmissão desta segunda-feira (07/02), o apresentador disse defender a existência de um partido nazista no Brasil, “reconhecido por lei”, durante uma entrevista com os deputados federais paulistas Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB).
A organização apontou ainda que o nazismo “é contra a existência não só de judeus, mas de todos os ‘diferentes’”. Para eles, seria necessário a intervenção do Sleeping Giants, movimento que pressiona patrocinadores de sites e plataformas que repercutem discursos de ódios e desinformação.
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“Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão”, disse o Judeus Pela Democracia.
O coletivo também direcionou sua crítica ao deputado Kataguiri, que defendeu que a Alemanha teria errado ao criminalizar o nazismo em 1945.
Confederação Israelita do Brasil
Por sua vez, a Confederação Israelita do Brasil (CONIB) reforçou o repúdio por meio de uma nota condenando a defesa da “existência de um partido nazista” no Brasil.
Assim como rechaçaram o “direito de ser antijudeu”, como dito por Monark em uma transmissão nesta segunda.
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Monark, apresentador do Flow Podcast, defendeu a existência de um Partido Nazista no Brasil reconhecido por lei
“O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera ‘inferiores’”, destacou a CONIB, afirmando ainda que “sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias”.
“O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica”, concluiu a organização.
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Museu do Holocausto
Localizado em Curitiba, o Museu do Holocausto, que se dedica à “educação, memória e pesquisa” sobre o tema, relembrou que o apresentou do Flow Podcast já apresentou outras declarações que vão na contramão da liberdade de expressão, como em 2020, quando Monark disse que conversaria “sem problemas” com Hitler.
O espaço escreveu que convida o apresentador a visitar o museu para que ele perceba que “o nazismo foi muito além de pessoas exercendo, em suas palavras, o ‘direito de serem idiotas’”.
“[Monark] aprenderá que o Partido Nazista refletia uma pequena minoria e que, por ter suas ideias de supremacia e extermínio consentidas, pôde crescer e perpetrar o Holocausto”, disse o Museu do Holocausto, afirmando que o “indivíduo e suas liberdades, direitos e deveres não existem fora da sociedade”.
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Perda de patrocínios e desligamento
Na manhã desta terça-feira, a empresa Flash Benefícios anunciou que vai solicitar o encerramento formal da relação contratual com o Flow. De acordo com comunicado publicado no Instagram, os donos da marca têm família de origem judaica.
Já a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, apoiadora de um quadro do programa, o Flow Sport Club, anunciou no início da tarde o rompimento da parceria para transmissões esportivas. A entidade afirmou ser “contrária a qualquer tipo de preconceito”.
O Flow Podcast também se pronunciou sobre o ocorrido por meio das redes sociais, comunicando o desligamento de Monark e a retirada do episódio 545, desta segunda, do ar.
Monark, por sua vez, publicou um vídeo dizendo que foi insensível com a “comunidade judaica” e que estava bêbado no momento em que fez as declarações. “Peço um pouco de compreensão, foram quatro horas de conversa, eu estava bêbado, e errei”, declarou.