A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou nesta sexta-feira (08/12) que conseguiu chegar a um acordo com a União Europeia (UE) para a saída do país do bloco, o chamado Brexit. Como faltavam poucos dias para o prazo final da primeira fase das negociações, a premiê vinha sendo pressionada pelo governo e pela oposição, correndo o risco de perder seu cargo.
May se reuniu nesta manhã, em Bruxelas, com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, para discutir os principais pontos de entrave. Ela precisou consentir com imposições do bloco para conseguir fechar o acordo.
O documento, de 15 páginas e 96 itens, trata dos temas iniciais para a saída do Reino Unido da UE, estabelecidos pela UE como condições para continuar as negociações da segunda fase. Os principais pontos de discussão eram: 1) a situação dos residentes dentro de ambas as fronteiras; 2) a situação da fronteira entre Irlanda (parte da UE) e Irlanda do Norte (parte do Reino Unido); 3) a “multa” que o Reino Unido deverá pagar para sair da UE.
Para o item 1, May concordou em garantir os mesmos direitos de residência e permanência aos europeus que estão atualmente no Reino Unido (cerca de 3,2 milhões de pessoas), e aos britânicos que estão em países da UE (1,2 milhão).
O item 2 era o maior ponto de discórdia. Porém, May se comprometeu a não instaurar barreiras ou alfândega nas fronteiras da Irlanda do Norte, Irlanda e Reino Unido.
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Comissão Europeia
May e Juncker (de costas) anunciaram acordo sobre Brexit
No último item, Londres também cedeu às pressões da UE e aceitou pagar 60 bilhões de libras esterlinas como “multa” pela sua saída. O montante tem sido chamado de “conta do divórcio”.
Se não houvesse acordo até o próximo dia 15, as negociações seriam suspensas indefinidamente. Mesmo assim, o texto assinado hoje deverá passar pela análise do Conselho Europeu nos dias 14 e 15.
O acordo foi considerado uma “vitória” para May, pois gera um ambiente amistoso com a UE e impede a versão “dura” do Brexit, ou seja, um desligamento no qual o Reino Unido sofreria drásticas consequências. “Foi uma negociação difícil, mas agora temos a primeira fase superada. Estou satisfeito com o acordo que alcançamos com o Reino Unido”, disse Juncker. “Chegou o momento de olhar para um futuro no qual o Reino Unido será um amigo e um aliado”, ressaltou.
Agora, o Reino Unido e a UE iniciarão a segunda fase do processo de desligamento do bloco, que deve ser focada em tratativas comerciais.
O Reino Unido será o primeiro país a se desligar da UE. A decisão foi tomada em referendo no ano passado. Para evitar novas saídas, o bloco europeu tinha como estratégia impor condições duras e difíceis a Londres durante as negociações.