A direção do Partido Trabalhista britânico, principal força de oposição ao governo do primeiro-ministro David Cameron, suspendeu nesta quinta-feira (28/04) o parlamentar e ex-prefeito de Londres Ken Livingstone após ele ter dito em entrevista à emissora BBC que o líder nazista Adolf Hitler “apoiou o sionismo” na década de 1930.
“Vamos lembrar que quando Hitler venceu a eleição em 1932 a política dele era que os judeus deveriam ser transferidos para Israel. Ele estava apoiando o sionismo — isso antes de ele enlouquecer e terminar matando 6 milhões de judeus”, disse Livingstone em entrevista nesta quarta-feira (27/04). A declaração causou revolta em colegas de partido e cidadãos britânicos, que acusaram Livingstone de antissemitismo.
Steve Smith/Flickr CC
“Naz [Shah] fez esses comentários numa época em que houve outro ataque isralense brutal contra os palestinos”, disse Livingstone
“Ken Livingstone foi suspenso pelo Partido Trabalhista, no aguardo de uma investigação, por manchar a reputação do partido”, declarou a liderança trabalhista por meio de uma nota.
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O ex-prefeito de Londres (2000-2008) defendia a parlamentar trabalhista Naz Shah, que foi suspensa “por acordo mútuo” na quarta-feira (27/04) e renunciou na terça-feira (26/04) ao cargo de secretária parlamentar do secretário das Finanças da oposição, John McDonnell, após críticas a uma publicação em seu Facebook feita em 2014. Na época, Shah compartilhou uma imagem que representava as fronteiras de Israel dentro do mapa dos Estados Unidos, com o título “Solução para o conflito entre Israel e Palestina — Transferir Israel para os EUA”.
Shah, que também aguarda investigação partidária, afirma que não possui mais a mesma visão sobre o conflito. “Ela é uma grande crítica de Israel e suas políticas. Os comentários dela foram excessivos, mas ela não é antissemita. Estou no Partido Trabalhista há 47 anos, nunca ouvi ninguém dizer algo antissemita. Já ouvi muitas críticas ao Estado de israel e o abuso contra palestinos, mas nunca ouvi alguém dizer algo antissemita”, disse Livingstone à BBC.
O líder trabalhista Jeremy Corbyn negou à imprensa britânica que existe uma crise no partido. “Não é uma crise, não há crise. Nós iremos tratar e extirpar o racismo que houver no partido. Fui um militante antirracismo durante toda a minha vida”, declarou.
“Tem havido uma campanha muito bem-feita pelo lobby israelense para manchar a imagem de qualquer pessoa que critique as políticas de Israel como antissemita”, disse Livingstone.
Ao encontrar Livingstone nas dependências da BBC, John Mann, também parlamentar trabalhista, se dirigiu aos gritos a Livingstone, chamando-o de “apologista do nazismo”.