No mesmo dia em que mais de 4 mil pessoas da etnia tâmil refugiadas pela guerra civil deixaram os campos mantidos pelo governo do Sri Lanka, os Estados Unidos anunciaram um relatório que denuncia abusos de direitos humanos nos últimos meses do conflito, que já dura três décadas. Isso se dá em meio a críticas internacionais de que o país asiático está fazendo muito pouco para permitir que milhares pessoas consigam voltar para casa.
“O relatório do Departamento de Estado norte-americano deve dissipar quaisquer dúvidas de que foram cometidos graves abusos durante os meses finais do conflito”, disse Brad Adams, diretor para Ásia da ONG Human Rights Watch. “Dado o completo fracasso do Sri Lanka para investigar possíveis crimes de guerra, a única esperança para a justiça é uma investigação internacional independente”.
O governo do Sri Lanka negou as denuncias norte-americanas dizendo que este foi feito para denegrir sua imagem. O documento também acusa os rebeldes tameis de violar os direitos humanos no país.
Centenas de milhares de civis da minoria tâmil foram obrigados a ir para os campos depois de fugir aos últimos meses da longa guerra do governo com os rebeldes separatistas, que começou em 1983 terminou em maio de 2009.
Grupos de direitos humanos apontaram a detenção como uma forma de punição coletiva ilegal para o grupo étnico. Grupos de ajuda denunciaram declaram que os campos estão superlotados e propensos à doença, e o medo de iminentes monções deve criar uma crise de saúde pública.
O governo do Sri Lanka alega que não pode libertar os tâmeis até que eles sejam investigados por seus laços com os rebeldes. O governo também diz que ainda devem ser retiradas as minas de suas aldeias.
Ao menos 4,3 mil tâmeis começaram a voltar para casa nesta quinta-feira, empilhados em tratores e ônibus.
“Tomaremos as medidas necessárias para dar tudo o que vocês perderam, exceto as vidas perdidas”, declarou Basil Rajapaksa, assessor de seu irmão, o presidente Mahinda Rajapaksa, durante uma audiência pública na vila de Kathankulam.
Altos dignitários do governo se comprometeram a compensar os moradores de suas perdas, mas não deram detalhes.
Autoridades disseram na quinta-feira que as mais 4 mil pessoas liberadas são apenas as primeiras de mais de 40 mil pessoas que devem voltar para casa em quatro distritos do norte – Mannar, Jaffna, Kilinochchi e Mullaitivu.
A ONU, governos estrangeiros e grupos de direitos humanos têm solicitado repetidamente ao Sri Lanka, que liberte as cerca de 270 mil pessoas ainda detidas nos campos. No mês passado, governo prometeu uma visita oficial da ONU, que deve enviar todos os reugiados de volta para casa até o final de janeiro.
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