O governo dos Estados Unidos fez um chamado para que todas as partes mantenham “calma” durante o processo de busca pelos 43 estudantes da escola rural para professores da cidade de Ayotzinapa, que sumiram no município de Iguala, no Estado de Guerrero, no último dia 26 de setembro. Washington pediu que os responsáveis pelo crime classificado como “atroz e bárbaro” sejam julgados “sem demora”.
Leia mais:
Comunidade de Ayotzinapa busca respostas sobre paradeiro de estudantes
Ex-agentes do Estado mexicano responsabilizam presidente e Exército por sumiço dos 43
Familiares questionam versão do Estado que confirma morte dos 43 estudantes mexicanos
Facebook/ Desinformémonos
Torcedores mexicanos protestam contra desaparecimento dos jovens durante partida amistosa entre México e Holanda em Amsterdã
“Este crime atroz e bárbaro deve ser investigado de forma completa e transparente e os culpados levados à Justiça sem demora e castigados consequentemente com respeito às garantias processuais e ao Estado de Direito”, afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, nesta quarta-feira (12/11), após informações sobre as “crescentes tensões” registradas nos últimos dias no país vizinho.
O papa Francisco também se manifestou sobre o caso. Durante a tradicional audiência pública que faz às quartas-feiras, o papa se solidarizou com as famílias dos jovens. “Quero de alguma maneira expressar aos mexicanos minha solidariedade neste momento doloroso pelo que legalmente é um desaparecimento, mas sabemos que é o assassinato de estudantes”, afirmou. “Faz-se visível a realidade dramática de toda a criminalidade que está por trás do comércio e tráfico de drogas”, acrescentou.
Também nesta quarta, a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) anunciou que chegou a um acordo sobre os termos de uma assistência técnica ao México para auxiliar a busca pelos jovens desaparecidos. Em outubro, os representantes dos estudantes e familiares pediram que a CIDH prestasse assistência técnica para a busca, investigação e apoio às famílias.
As informações divulgadas ontem pela Equipe Argentina de Antropologia Forense, contratada pelos pais dos estudantes, deram novo fôlego aos protestos no país. Isto porque o grupo de investigadores anunciou que os restos mortais de cerca de 30 corpos encontrados em valas clandestinas na cidade Iguala não são dos estudantes desaparecidos. A informação, segundo o movimento “43×43- Nem mais um desaparecido” dá esperanças de que os estudantes “possam ser encontrados com vida”.
Apesar de a PGR (Procuradoria-Geral da República) ter anunciado que os estudantes foram assassinados, embebidos em gasolina e queimados — e seus restos mortais, colocados em balsas e jogados em um rio —, familiares dos jovens contestam a versão do Estado a seguem com o movimento que pede que eles sejam encontrados.
Protestos
Os alunos da escola rural para professores de Ayotzinapa, a mesma dos estudantes que desapareceram, anunciaram que farão uma caravana nacional de protesto e para informar a população sobre a situação em Guerrero. A partir desta quinta-feira (13/11), a caravana se dividirá em três contingentes distintos para percorrer os estados do norte e do sul do país, e o próprio estado de Guerrero.
Agência Efe
Cerca de 600 pessoas participaram dos protestos que incendiaram pelo menos seis carros e o Congresso de Guerrero
NULL
NULL
Está previsto que os grupos voltem a se encontrar na Cidade do México em 20 de novembro, data em que é lembrada a Revolução Mexicana.
Em manifestação realizada nesta quarta (12/11), integrantes da Coordenadora Estatal de Trabalhadores da Educação em Guerrero incendiaram escritórios do Congresso local. Seis carros e a sede da controladoria da Secretaria de Educação em Guerrero também foram incendiados.
Antes de se retirarem da localidade, os manifestantes afirmaram que os danos provocados na sede do Poder Legislativo não representam nada diante do dano causado pelo Estado mexicano devido ao desaparecimento dos jovens.
Em outra ação, integrantes do Movimento Popular de Guerrero marcharam e tomaram as prefeituras de Alcozauca e Tlalixtaquilla para exigir justiça.
Na terça-feira (11/11), manifestantes incendiaram, em Chilpancingo, a sede regional do Partido Revolucionário Institucional, partido que comanda o poder em Guerrero.